Combustíveis fósseis dominarão a matriz energética até 2040, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
A boa notícia no campo energético é que as fontes renováveis são as que mais
crescem no mundo atualmente. A capacidade instalada solar global cresceu 41% em
2012, alcançando a marca de 100 GW (1 GW, gigawatt = 1000 megawatts,
MW), sendo que o aumento desde 2007 foi de cerca de 900%. Já a capacidade
instalada da energia eólica chegou a 300 GW.
A má notícia é que os combustíveis fósseis
continuarão dominando a matriz energética na primeira metade do século XXI. A
Administração de Informação de Energia dos Estados Unidos (EIA, na sigla em
inglês) no International Energy Outlook 2013 (Panorama da Energia Mundial
2013), projeta que, devido ao crescimento demo-econômico, o consumo de energia
passará das atuais 524 quadrilhões de unidades térmicas britânicas (Btu) para
820 quadrilhões de Btu em 2040.
Os combustíveis fósseis deverão manter o domínio
e devem atender 80% dessa nova demanda. O petróleo continuará como a principal
fonte de energia do planeta, e registrará um aumento de 36% em sua demanda, o
que deve pressionar os preços, que podem chegar a US$ 163 o barril, em 2040. O
gás natural deve crescer, 1,7% ao ano.
O carvão deverá manter a segunda posição,
especialmente porque China e Índia são grandes produtores e consumidores. No
entanto, a EIA prevê que a participação desse combustível fóssil na matriz
deverá decrescer a partir de 2025, devido aos imperativos ambientais e
climáticas.
O gás de xisto tem sido a grande sensação nos
EUA. Mas segundo reportagem da Bloomberg: “O poço Serenity 1-3H, da Chesapeake
Energy, perto de Oklahoma City, jorrou petróleo em 2009, produzindo mais de 1,2
mil barris por dia e dando início a uma corrida de perfuração de poços que se
estendeu até o Kansas. Agora, o poço fornece menos de 100 barris por dia,
segundo registros do Estado. O rápido declínio do Serenity lança luz sobre um
segredo muito bem ocultado sobre o boom do petróleo: ele pode não durar”. Por
tudo isto, cresce o movimento “Global Frackdown” para banir a exploração do gás de xisto e a prática do fracking.
O relatório destaca que as fontes renováveis
estão ocupando um espaço cada vez maior, porém ainda não são capazes de
reverter o predomínio dos combustíveis fósseis na matriz energética global. As
fontes de energia não fósseis (hidrelétricas, eólica, solar, nuclear, etc.)
ocupavam 16% da matriz energética em 2010 e devem passar para 22% em 2040.
Desta forma, as atividades antrópicas vão
continuar emitindo gases de efeito estufa, agravando o problema do aquecimento
global e dos eventos climáticos extremos. Fenômenos como o supertufão Haiyan,
que devastou as Filipinas, podem se tornar cada vez mais frequentes e intensos,
com prejuízos não só para a humanidade, mas para a saúde dos ecossistemas e da
biodiversidade do Planeta.
Referências:
EIA. International Energy Outlook 2013
ALVES, JED. Energia renovável: um salto na
evolução? EcoDebate, RJ, 29/01/2010
ALVES, JED. Energia verde para
reduzir a pegada ecológica. EcoDebate, RJ, 04/02/2010
ALVES, JED. Blowin’ In The Wind: Itaipus de cataventos. EcoDebate, RJ,
05/02/2010
ALVES, JED. A “corrida do ouro” da energia
renovável. EcoDebate, RJ, 14/05/2010
ALVES, JED. Power to the people:
energia verde para a comunidade. EcoDebate, RJ, 21/07/2010
ALVES, JED. Vamos nos preparar para o
fim do mundo (do petróleo). EcoDebate, RJ, 27/07/2010
ALVES, JED. O Brasil pode ser a
“Arábia Saudita” da energia renovável. EcoDebate, RJ, 09/06/2011
ALVES, JED. Turbina eólica vertical
urbana. EcoDebate, Rio de Janeiro, 04/09/2013
José
Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em
demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e
Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE;
Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
Fonte: EcoDebate
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