Em Ribeirão Preto, SP, um terço
das crianças abandona os estudos alegando necessidade de trabalhar.
Em Ribeirão Preto, um terço das crianças abandona
os estudos, com o argumento da necessidade de encontrar emprego para ajudar no
sustento da família. Apesar disso, apenas metade entra no mercado de trabalho.
Mesmo com essas adversidades, todas se consideram felizes.
Esses são alguns dos resultados da pesquisa de
pós-doutorado Estilo de vida e trabalho de crianças e adolescentes
cadastrados em programas de saúde da família de Ribeirão Preto-SP, desenvolvida
pela enfermeira Renata Cristina da Penha Silveira, na Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto (EERP) da USP.
Crianças deixam de estudar obrigadas a contribuir
com o sustento da casa.
O estudo foi realizado entre setembro de 2011 a
abril de 2013, com 168 crianças, sendo que 65,20% recebiam recursos do Programa
Bolsa Família, benefício do governo federal, que tem como uma de suas
principais regras não permitir que as crianças menores de 16 anos trabalhem.
Dessas, 28,6% pararam de estudar e apenas 14% entraram no mercado de trabalho.
Para Renata, essas crianças são obrigadas a
contribuir com o sustento da casa, com isso não frequentam a escola, os que as
tornam mão de obra barata, pela baixa qualificação.
Consequências negativas
O projeto foi orientado pela professora Maria Lúcia do Carmo Cruz Robazzi, que alerta que o trabalho traz consequências negativas para a vida e saúde dessas crianças e adolescentes. “Se a pessoa ainda não tem o amadurecimento físico e/ou mental para trabalhar, os problemas de eventos acidentários e enfermidades tendem a acontecer com maior intensidade.”
“Crianças e adolescentes, entre 6 e 15 anos, deviam
estar devidamente matriculadas, com frequência de, no mínimo, 85%”, salienta a
pesquisadora, que, ainda, diz que a inserção precoce de crianças no mercado de
trabalho gera um ciclo de pobreza, fazendo com que esses jovens não consigam
bons empregos no futuro.
A pesquisadora já participou de outros estudos que
analisaram a vida desse público. Segundo ela, em 2006, foi possível detectar
que, de 133 estudantes, 36 trabalhavam e, desses, 66,7% eram meninos.
“Com o projeto de pesquisa, consegui evidenciar que
é importante orientar as famílias e crianças sobre a ilegalidade do trabalho
infantil e a orientá-las sobre a necessidade dos estudos, tanto para o presente
quanto para o futuro”, diz Renata.
Foto: Marcos Santos / USP Imagens.
Fonte: Agência
USP de Notícias
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