Fomentar a cidadania global é
vital para os ODS.
Nações Unidas, 3/9/2014 – Representantes da
sociedade civil e especialistas em desenvolvimento da Organização das Nações
Unidas (ONU) coincidiram em ressaltar a importância da educação na formação de
uma cidadania global na agenda posterior a 2015. Esta posição surgiu durante as
discussões ocorridas em um painel realizado no dia 30 de agosto, com patrocínio
da Soka Gakkai International (SGI), que fez parte da 65ª Conferência Anual do
Departamento de Informação Pública/Organizações Não Governamentais.
“A educação está vinculada a todas as áreas do desenvolvimento
sustentável e é vital para conseguir as metas e os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS)”, afirmou à IPS Hiro Sakurai, diretor de ligação da SGI. “A
educação para a cidadania global merece particular atenção e ênfase, pois ajuda
a vincular temas e disciplinas, reúne todos os atores e promove objetivos e uma
visão comum”, acrescentou.
O embaixador de Bangladesh, Anwarul Chowdhury,
ex-subsecretário-geral e alto representante da ONU, foi encarregado do discurso
de abertura, no qual expressou seu entusiasmo com o maior protagonismo que
ganha o tema da cidadania global em âmbitos de desenvolvimento. A cidadania
global requer uma autotransformação e pode ser o “caminho para uma cultura de
pez”, afirmou. O progresso exige uma “determinação para tratar cada indivíduo
como um cidadão global. Somos parte de uma grande humanidade”, ressaltou.
Saphira Ramesfar, da Comunidade Internacional
Bahá’i, também falou da natureza transformadora da cidadania global. “Não basta
a educação oferecer pessoas que saibam ler, escrever e contar”, afirmou. “A
educação deve ser transformadora e oferecer valores de vida compartilhados,
cultivar um cuidado ativo do mundo propriamente dito e daqueles com os quais o
compartilhamos. Além disso, deve assumir de forma cabal seu papel na construção
de sociedades justas, unificadas e inclusivas”, explicou.
Até agora, as tentativas para construir uma
cidadania global se concentravam nos jovens, mas Chowdhury defendeu uma
compreensão mais ampla do termo. “Creio que a educação para uma cidadania
global é para todos, independente de sua idade ou de estarmos no ensino formal
ou não”, insistiu.
Anjali Rangaswami, do Departamento de Assuntos
Econômicos e Sociais da ONU, explicou como as ONGs participaram ativamente da
elaboração dos ODS. Os últimos anos fixaram “um padrão muito alto em matéria de
participação da sociedade civil”, pontuou.
Antes dos ODS, foram acordados oito Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM) na chamada Cúpula do Milênio, como se conhece
as jornadas inaugurais da Assembleia Geral de 2000. As metas apontavam para a
redução pela metade na proporção de pessoas que vivem na indigência e sofrem
fome, conseguir educação primária universal, promover a igualdade de gênero,
reduzir a mortalidade infantil em dois terços e a materna em três quartos,
entre 1990 e 2015.
Também objetivavam lutar contra a expansão do
vírus HIV – causador da aids –, da malária e de outras doenças, assegurar a
sustentabilidade ambiental e gerar uma aliança mundial para o desenvolvimento
entre o Norte e o Sul.
Se os ODS forem aprovados, e segundo o rascunho
atual, uma das metas será a educação secundária universal. A meta quatro dos
ODS menciona especificamente a educação para uma cidadania global, um dos temas
que ficaram de fora dos ODM. A Iniciativa Global Educação Primeiro (Gefi) da
ONU, que pretende “impulsionar a cidadania global” como uma de suas principais
prioridades, incidiu nesse novo desenvolvimento.
Segundo Min Jeong Kim, diretora da equipe da
secretaria do Gefi, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lançou a iniciativa
em 2012, porque “naquele momento a educação estava paralisada após a rápida
expansão registrada logo após a adoção dos ODM”.
Depois das apresentações de todos os expositores,
os participantes do painel se reuniram em grupos para compartilhar suas
perspectivas sobre a educação para a cidadania global. O evento teve apoio da
Comunidade Internacional Bahá’i, do Movimento Global para uma Cultura de Paz,
da Rede para a Educação em Direitos Humanos, entre outros grupos, e também
permitiu reunir uma grande quantidade de especialistas.
Os ODS apresentam uma oportunidade para promover
uma nova perspectiva em matéria de educação. Esta deve apontar para o
desenvolvimento de vidas cheias de sentido, e não se concentrar em criar uma
forma de sustento, destacou Chowdhury à IPS. O modelo até agora tem sido: “se
você consegue um trabalho, então sua educação valeu a pena, mas se não
consegue, então não serviu para nada. Isso tem que mudar”, enfatizou.
Envolverde/IPS.
Fonte: ENVOLVERDE
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