Instituições pedem adiantamento
da moratória da piracatinga para evitar a morte de milhares de botos.
Ampa e Inpa levam
assinaturas da campanha Alerta Vermelho para Brasília.
Mais de 55 mil pessoas de várias partes do
mundo serão representadas pela Ampa e Inpa/MCTI na entrega da petição pelo
adiantamento da moratória da piracatinga
para evitar a morte de milhares de boto neste semestre.
Por Séfora Antela -Ascom Ampa
Foto: Kevin Schaefer – Ampa
Nesta terça-feira (2), as assinaturas dos
ativistas da Campanha Alerta Vermelho (WWW.alertavermelho.org.br chegarão
ao Ministério do Meio Ambiente, em Brasília. A Associação Amigos do Peixe-boi
(Ampa) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) levam o
apelo de mais de 55 mil pessoas de várias partes do mundo pela conservação dos
botos da Amazônia.
A campanha luta contra a matança do boto-vermelho
(Inia geoffrensis), usado como isca para a pesca da piracatinga (Calophysus
macropterus), e pede o adiantamento da moratória da piracatinga para
evitar a morte de milhares de botos neste semestre. Conforme a Instrução
Normativa Interministerial nº 6, de 17 de julho de 2014, a moratória da pesca
da piracatinga em águas jurisdicionais brasileiras e em todo o território
nacional entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 2015 e terá validade por
cinco anos.
De acordo com o diretor da Ampa e coordenador da
campanha, Jone César Silva, em menos de 40 dias, o abaixo-assinado coletou 55
mil assinaturas, que representam a indignação da opinião pública em relação à
matança de botos, que vem ocorrendo nos últimos anos na Amazônia.
“Estamos vivendo um processo de banalização dos
crimes ambientais, como se não fossem crimes de fato. Com uma sociedade
informada e esclarecida sobre as questões ambientais, teremos muito mais força
para levar esta batalha até o fim”, Silva.
Em Manaus, o documento composto por três volumes
foi entregue no último dia 21 de agosto ao governo do Amazonas e à Comissão de
Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Amazonas (Aleam), que se mostraram
interessados em ajudar os ativistas.
Sensibilização Ambiental
O boto inflável, que dividiu a praia de Ponta
Negra, em Manaus, com os banhistas, em julho deste ano, agora segue para o
gramado do Palácio do Congresso Nacional, situado no meio do Eixo Monumental, a
principal avenida da capital brasileira. O boto gigante, símbolo da campanha
Alerta Vermelho, deverá chamar a atenção para a ameaça à espécie, que serve
como isca para captura de um peixe necrófago. Essa atividade pesqueira
insustentável, segundo especialistas, pode dizimar a espécie em até 30 anos.
“Não podemos como ser humanos ser tão arrogantes
a ponto de achar que temos o direito de exterminar animais, populações e áreas
do Planeta Terra. Por outro lado, quando extinguimos uma espécie ou eliminamos
uma área, a humanidade vai ficando cada vez mais pobre”, explica a pesquisadora
do Inpa, Vera da Silva, que coordenadora o Projeto Boto do Inpa e é uma das
idealizadoras da campanha Alerta Vermelho.
Para a pesquisadora, essas atitudes empobrecem o
“nosso próprio patrimônio: a riqueza natural que temo”. “É uma espécie única
(boto). Se ela for morta, vai desaparecer para sempre e não há possibilidade de
repor”, destaca a pesquisadora.
Pesquisa
Diversos trabalhos foram publicados, incluindo
teses de mestrado e doutorado, visando aumentar o conhecimento sobre a espécie
e denunciando a matança dos botos. Como a captura do boto é ilegal, ela ocorre
frequentemente à noite, assim como a pesca da piracatinga, e, segundo
especialistas, é difícil de obter números exatos da atividade de forma direta.
Por isto, as abordagens para se estimar o número de botos mortos são feitas de
forma indireta, estimando-se inicialmente a quantidade de piracatinga capturada
com a carcaça de um boto.
Conforme artigo, recém publicado pela
pesquisadora do Inpa,Vera Silva, depois, efetua-se uma simples regra de três.
Usa-se o volume de piracatinga declarado pelos frigoríficos com o peso de isca
necessário para se capturar uma determinada quantidade do bagre. Chega-se ao
número de botos mortos.
Segundo a pesquisadora, por meio de entrevistas
realizadas, é possível saber que um boto médio captura cerca de 350 a 1.000
quilos de piracatinga em um evento de pesca, dependendo da época do ano, do
lugar e da habilidade do pescador. Também se sabe que nem toda a piracatinga
declarada pelos pescadores e frigoríficos é pescada com a carne de boto. Muitos
declaram usar jacaré, outros vísceras e restos de peixe liso ou qualquer tipo
de animal morto que estiver disponível como isca.
“Contudo, os pescadores são unânimes em afirmar
que a melhor isca é a do boto, pois preferem animais menores e cinza
(característica das fêmeas adultas e dos machos imaturos) devido a maior
quantidade de gordura sobre os botos grandões e rosas (machos adultos)”,
explica Silva.
Fonte: EcoDebate
Nenhum comentário:
Postar um comentário