quinta-feira, 25 de setembro de 2014

“O Brasil ainda não é um dos melhores países para o clima”, afirma May Boeve.
por Redação do EcoD
May Boeve tem a dura missão de convencer a população a fazer ou apoiar ações que desacelerem as mudanças climáticas em curso. Foto: Divulgação/350.org.

Convencer a população a fazer ou apoiar ações que desacelerem as mudanças climáticas em curso. Esta é a principal meta da campanha 350.org, que prepara uma série de manifestações para antecipar uma reunião da ONU sobre o tema, marcada para 23 de setembro, em Nova York.

Em um contexto em que a Terra esquenta em uma velocidade acelerada nos últimos 100 anos (mesmo descontando a estabilidade temporária da última década), devido às emissões de gases derivados da queima de combustíveis fósseis e florestas, a diretora da 350.org May Boeve concedeu entrevista à Época, na qual contou como pretende chamar a atenção das pessoas para a situação do clima no planeta.

“O foco da campanha é mostrar a real contribuição do agronegócio às mudanças climáticas no Brasil. Dados do Observatório do Clima (uma coalizão de ONGs brasileiras) mostram que atualmente o agronegócio é o principal responsável pelas emissões de gases de efeito estufa local (59%). Essa é uma dura realidade já que parte relevante do PIB brasileiro é baseado nesse modelo de negócio”, destacou May.

A diretora da 350.org defende que será preciso passar para a geração de energia renovável descentralizada, eficiência energética, práticas agrícolas sustentáveis e para a agricultura familiar. E essa transição não pode mais ser postergada.

Grande emissor

“O Brasil ocupa a vergonhosa posição de 5º maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, e não pode seguir cedendo aos interesses de corporações agrícolas em detrimento do bem estar da população. Eles não produzem o alimento do brasileiro e são os grandes responsáveis pelas emissões que provocam as mudanças climáticas”, apontou.

Segundo ela, o resultado quem sofre é a população com os chamados desastres climáticos: deslizamentos, enchentes, seca e falta de água. “O primeiro passo da transição para um Brasil de baixo carbono, é paulatinamente remover os ruralistas do centro das tomadas de decisão, abrindo espaço assim para um novo modelo, focado na agricultura familiar, como a própria ONU sugeriu em seu relatório que nomeia 2014 como o ano da agricultura familiar no mundo”, sugeriu.

Consequências

Sobre as consequências de manter a concentração de carbono em 400 ppm, May observou que a estação de monitoramento de gás carbônico mais importante do mundo tem registrado ultimamente concentrações acima de 400 partes por milhão, os níveis mais altos encontrados na Terra em milhões de anos, e estamos acrescentando 2 ppm de carbono na atmosfera todos os anos.

“Até agora já passamos por um aquecimento de 1 grau centígrado na temperatura do planeta, e as consequências das mudanças climáticas causadas pela concentração acima de 400 ppm já estão visíveis. Segundo a Nasa, as mudanças climáticas, caso não sejam contidas, produzirão no próximo século, só na América Latina, a substituição de florestas tropicais por savana na Amazônia oriental, risco de significativa perda da biodiversidade pela extinção de espécies em diversas áreas tropicais e mudanças significativas na disponibilidade de água para consumo humano, agricultura e geração de energia”, alertou a diretora da 350.org.

“Uma das perguntas que campanhas devem fazer é: queremos pagar para ver? A mudança está a nosso alcance, e se a indústria poluidora não for mudar, juntos podemos nos organizar para mudar o que podemos e pressionar para que mude o que não podemos agir diretamente”, concluiu May Boeve.


Fonte: EcoD

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