Proteger as florestas é produzir
água.
por
Mariana Machado*
Estive na Exposição Itinerante a Mata Atlântica é
Aqui no município mineiro de Bicas no dia 20 de agosto, para moderar a roda de
conversa sobre a Importância da Mata Atlântica.
A roda contou com a presença de cerca de 20
participantes entre eles, proprietários de terra, secretários de meio ambiente
de Juiz de Fora e Bicas, representantes de ONG e Universidades, ambientalistas
e profissionais liberais.
Começamos com uma breve apresentação entre os
participantes e a motivação para participarem da atividade. A maioria das
pessoas demonstrou forte preocupação com a questão da água na região, devido à
pouca ou nenhuma iniciativa de saneamento ambiental e proteção de nascentes e
cursos d’água, o que acarreta na degradação ambiental e compromete o
abastecimento de água nas cidades.
A preocupação procede. De acordo com o Atlas dos
Remanescentes da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE), levantamento do
período de 2011 e 2012, apontou que na região grande parte dos municípios tem
pouco mais que de 10% de sua cobertura original de Mata Atlântica, que era de
100%.
Em Bicas, por exemplo, restam apenas 6% de suas
matas!
É sabido que a floresta tem importante papel no
regime de abastecimento hídrico. As matas protegem as nascentes e cursos d´água
de erosão, minimizam as chances de deslizamento de terra, contribuem para a
porosidade do solo e infiltração da agua da chuva, alimentando os lençóis
freáticos. Proteger as florestas é produzir água.
Na região são poucas as áreas naturais protegidas
públicas e grande parte dos fragmentos florestais que ainda existem estão nas
mãos de proprietários rurais. Dessa forma, são necessárias políticas públicas
para orientação e incentivo a restauração e conservação florestal em terras
privadas.
Uma das estratégias que estão sendo adotadas, é o
Pagamento por Serviço Ambiental – PSA. Os programas de PSA partem do princípio
de que a floresta nativa presta diversos serviços, tais como biodiversidade,
estoque de carbono, proteção de nascentes, controle de erosão, regulação do
regime de chuvas, etc., e os proprietários que protegem floresta nativa
(provedores), beneficiam a toda sociedade, dessa forma eles devem ser pagos por
esse esforço de proteção.
Eduardo de Araújo Rodrigues, analista ambiental do
IGAM – Instituto de Gestão das Águas Mineiras comentou sobre o edital de apoio
a projetos de PSA na Bacia do Paraíba do Sul (PSA Hídrico), realizado pelo
Comitê de Integração da Bacia do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP que selecionará
propostas para restauração de áreas degradas e/ou conservação florestal.
A bacia do rio Paraíba do Sul situa-se na região
sudeste do Brasil e é estratégica para o abastecimento de uma das regiões mais
populosas do país. Ocupa área de aproximadamente 62.074 km², estendendo-se
pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, abrangendo 184
municípios.
O recurso disponível é oriundo da cobrança do uso
da água feito na bacia e o valor máximo a ser pago aos provedores dos serviços
ambientais no âmbito do programa PSA HÍDRICO na bacia hidrográfica do Paraíba
do Sul será de R$ 200,00/ha/ano.
Essa iniciativa é muito bem vinda para estimular e
ampliar ações de melhores práticas agropecuárias, restauração e conservação de
florestas nativas e por consequência garantir água em qualidade e quantidade
necessárias para o bem estar das populações residentes na bacia.
* Mariana Machado é coordenadora do Programa
de Incentivo às RPPNs da Mata Atlântica.
Fonte: Mercado Ético
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