Ritmo “incrível” da perda de gelo
polar alarma cientistas.
Satélite europeu mostra que as camadas de
gelo estão encolhendo 500 quilômetros cúbicos por ano na Antártida e na
Groenlândia.
As duas maiores camadas de gelo do planeta – na
Groenlândia e na Antártida – estão encolhendo a um ritmo surpreendente de 500
quilômetros cúbicos por ano. Essa é a descoberta feita por cientistas usando
dados da sonda europeia CryoSat-2, que mede a espessura das camadas de gelo e
geleiras da Terra desde seu lançamento pela Agência Espacial Europeia em 2010.
Ainda mais alarmante é que a perda de gelo nessas
regiões mais que duplicou desde 2009, revelando o drástico impacto que a
mudança climática começa a ter em nosso mundo.
Os pesquisadores, sediados no Instituto Alfred
Wegener do Centro Helmholtz de Pesquisa Polar e Marinha, na Alemanha, usaram
200 milhões de pontos de dados em toda a Antártida e 14,3 milhões na
Groenlândia, todos coletados pelo CryoSat para estudar como as camadas de gelo
se modificaram nos últimos três anos. O satélite possui um altímetro de grande
precisão, que envia pulsos de radar curtos refletidos na superfície do gelo. Ao
medir o tempo que isso leva, pode-se calcular a altura do gelo abaixo da
espaçonave.
Descobriu-se pelas quedas médias de elevação
detectadas pelo satélite que a Groenlândia sozinha está perdendo cerca de 375
quilômetros cúbicos por ano, enquanto na Antártida o volume de perda anual é de
aproximadamente 125 quilômetros cúbicos. Esses índices – descritos como
“incríveis” por um pesquisador – são os maiores observados desde que começaram
os registros de altimetria por satélite, há de 20 anos, e significam que a
contribuição anual das camadas de gelo para a elevação do nível do mar duplicou
desde 2009, segundo os pesquisadores, em um trabalho publicado em Cryosphere na
edição de agosto.
“Descobrimos que desde 2009 a perda de volume na
Groenlândia aumentou por um fator aproximado de 2, e a camada de gelo na
Antártida Ocidental por um fator de 3″, disse a glaciologista Angelika Humbert,
um dos autores do estudo. “Tanto a camada de gelo na Antártida Ocidental quanto
na Península Antártida, no extremo-oeste, estão rapidamente perdendo volume. Em
comparação, o leste da Antártida ganha volume, mas em um ritmo moderado que não
compensa as perdas do outro lado do continente.”
Os pesquisadores disseram ter detectado as
maiores mudanças de elevação do mar causadas por perda de gelo na geleira
Jakobshavn, na Groenlândia – recentemente, descobriu-se que ela perde gelo para
os oceanos mais depressa do que qualquer outra geleira –, e na geleira da Ilha
Pine, que, como outras geleiras da Antártida Ocidental, vem diminuindo rapidamente
nos últimos anos.
A descoberta dessas perdas de gelo é
especialmente notável e constitui mais um golpe para as teorias dos que negam a
mudança climática, afirmando que a rápida perda de gelo no Ártico que se
observa atualmente é compensada por um aumento correspondente na Antártida. As
medições do CryoSat mostram que a Antártida – embora consideravelmente mais
fria que o Ártico por causa de sua elevação média muito maior – não está
ganhando qualquer gelo. Na verdade, de modo geral perde volumes consideráveis,
e no caso da Antártida Ocidental o faz em ritmo alarmante.
Esse ponto foi salientado por Mark Drinkwater,
cientista da missão CryoSat da Agência Espacial Europeia. “Esses resultados
oferecem uma nova perspectiva crítica sobre o recente impacto da mudança
climática nas grandes camadas de gelo. Isto é particularmente evidente em
partes da Península Antártida, onde algumas características notáveis podem
comprovar o impacto do aquecimento constante da península em índices muitas
vezes maiores que a média global.”
Fonte: Carta
Capital
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