Trabalho infantil no Brasil está
em queda, mas ainda é grave, diz especialista.
O Brasil precisa intensificar seus esforços para
erradicar o trabalho infantil, de acordo com a secretária executiva do Fórum
Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, Isa Oliveira. Segundo
ela, a meta de erradicação até 2020 corre risco de não ser cumprida, pois “a
situação é tão grave que as iniciativas em curso não são suficientes”.
Isa Oliveira disse que o Brasil vem mantendo
curva decrescente de trabalho infantil, mas a redução está perdendo ritmo. “Se
novas iniciativas não forem adotadas imediatamente, o Brasil não vai cumprir a
meta. Nós temos 3,4 milhões de crianças ainda trabalhando no país”.
O alerta foi feito paralelamente à divulgação de
uma pesquisa contratada pela organização não governamental inglesa
Plan International. A pesquisa divulgada ontem (10) mostra que quase 14%
das meninas de 6 a 14 anos do país afirmam trabalhar ou já ter trabalhado para
terceiros. Isa explica que o maior foco de trabalho infantil é na economia
familiar, ou seja, crianças que trabalham para complementar na renda da casa.
Para ela, a reversão do quadro depende de
intensificação de esforços entre setores como educação, assistência social e
geração de emprego. Não basta, portanto, coibir o ingresso precoce da criança
no mercado de trabalho; é preciso estimular os adultos, profissionalmente, para
que não precisem da renda trazida pela criança.
“A educação é a estratégia mais importante,
porque as crianças estão em uma faixa etária em que a escolarização é
obrigatória. O importante é que os adultos da família também sejam apoiados no
sentido da qualificação profissional e inclusão produtiva, para que cumpram o
papel de prover as crianças, e não o inverso”, explicou.
Presente ao seminário que marcou o lançamento da
pesquisa da Plan International, a chefe da Secretaria Nacional de Promoção dos
Direitos da Criança e do Adolescente, Angélica Goulart, acredita que os dados
divulgados podem ajudar na criação de mais políticas protetivas às meninas,
tidas por ela como uma parcela vulnerável dentro do universo das crianças que,
por si só, já é frágil. “O estudo vai contribuir para que as várias comissões
intersetoriais produzam mais ações e políticas de proteção e promoção dos
direitos das meninas”, disse ela.
A diretora nacional da Plan International, Anette
Trompeter, comemorou a participação de várias entidades públicas e privadas no
seminário de debate sobre a questão, ampliada pela curiosidade em relação à
pesquisa. No seu entender, “um dos grandes resultados é ter a conscientização
do corpo técnico dos ministérios de que temos que ter um olhar focado na
questão de gênero, que é gerador de violências, desigualdades, e que isso só
prejudica o futuro do nosso país”.
Anette explicou que a Plan International vai
continuar com a campanha “Por Ser Menina”, que motivou o estudo e tem o
engajamento de governos e sociedade civil. “Quando trazemos à luz questões
delicadas, problemáticas e, às vezes, novidade para muita gente, fazemos as
pessoas refletirem, terem um olhar especial para os problemas”, analisou.
Fonte: Agência Brasil
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