Conselho Federal de Medicina
Veterinária faz alerta sobre o tráfico de animais selvagens no Brasil.
Em continuidade à Campanha de Combate ao Tráfico
de Animais Selvagens, o CFMV lança aplicativo no
Facebook para ajudar usuários a identificar animais em
extinção ou ameaçados de extinção e denunciar práticas ilegais
A biodiversidade brasileira está diariamente em
perigo. É alvo de poderosas quadrilhas internacionais de tráfico de animais
selvagens associadas a outros crimes, como o tráfico de armas e drogas. Os
criminosos exploram crianças, ribeirinhos e povos das florestas. A situação
torna-se ainda mais preocupante por não haver dados oficiais recentes que
possibilitem dimensionar e combater com precisão o tráfico de animais selvagens
no Brasil. Além disso, há um descompasso entre fiscalização, repressão ao crime
e proteção das espécies.
Esse é o cenário que levou o Conselho Federal de
Medicina Veterinária (CFMV) a fazer um alerta ao poder público e à sociedade.
Sua mais recente iniciativa é o Extintômetro, aplicativo criado para as Redes
Sociais, que convida os usuários a conhecer espécies em extinção ou ameaçadas
de extinção nas diversas regiões brasileiras; ele também auxilia na denúncia de
crimes relacionados ao tráfico de animais selvagens.
O Extintômetro
é mais uma ferramenta da Campanha Nacional de Combate ao Tráfico de Animais
Selvagens, lançada pelo Conselho Federal em parceria com os 27 Conselhos
Regionais de Medicina Veterinária (CRMVs). “Neste um ano de campanha, houve poucos
ou nenhum avanço no combate a este tipo de crime”, afirma o presidente do CFMV,
o médico veterinário Benedito Fortes de Arruda. “Acreditamos que uma reação
efetiva contra o tráfico exige pelo menos dois movimentos: os órgãos do governo
responsáveis por fiscalizar e coibir esse crime precisam estar mais bem
estruturados para impedir o esvaziamento de nossas florestas; e a sociedade
deve se envolver no combate ao tráfico de animais selvagens, que vem provocando
danos irreversíveis à biodiversidade”.
O Relatório Planeta Vivo 2014, publicado no final
de setembro pela WWF (World Wildlife Fund – rede mundial que trabalha pela
conservação da natureza), reforça a preocupação do CFMV. De acordo com o
levantamento, somente a América Latina assistiu, nos últimos 40 anos, à
extinção de 83% de suas populações de peixes, aves, mamíferos, anfíbios e
répteis. O documento ainda revela que a extinção de espécies na América Latina
tem sido mais rápida do que no restante do mundo, onde a média de
desaparecimento da vida selvagem foi de 52% no mesmo período.
Por isso, na segunda etapa da Campanha Nacional
de Combate ao Tráfico de Animais Selvagens, o CFMV continua ativo nos trabalhos
de conscientização da sociedade. “Escolhemos a Semana de Proteção à Fauna, para
lançar o Extintômetro na página oficial do CFMV no Facebook, com o objetivo de
chamar a atenção para o problema e mobilizar a sociedade em busca de soluções”,
ressalta o presidente do CFMV. Disponível a partir de 9 de outubro, o
Extintômetro traz uma amostra representativa das 627 espécies brasileiras
extintas ou ameaçadas de extinção. O aplicativo também disponibiliza
informações sobre como denunciar o tráfico de animais selvagens em cada estado
brasileiro e permite que as fotos dos animais sejam usadas como avatar nos perfis
pessoais dos usuários do Facebook. “Com essa ação, queremos alertar a sociedade
para o atual cenário de risco pelo qual passa a fauna brasileira e engajá-la na
campanha”, conclui Arruda.
No decorrer de setembro, os Conselhos Regionais
de Medicina Veterinária (CRMVs) realizaram o Segundo Dia de Conscientização da
Campanha Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Selvagens em dez estados
brasileiros. Nos eventos, os CRMVs abordaram milhares de pessoas com atividades
de conscientização em zoológicos, trilhas ecológicas, shoppings e calçadões a
beira-mar.
Houve distribuição de materiais e apresentações de peças de teatro
educativas, palestras e esclarecimentos de dúvidas.
Brasil, alvo dos traficantes
Parceiro do CFMV na Campanha Nacional de Combate
ao tráfico de Animais Selvagens, a Rede Nacional de Combate do Tráfico de
Animais Silvestres (Renctas) afirma que, de dez animais retirados da natureza
ilegalmente, apenas um sobrevive. “As maiores vítimas do tráfico de animais são
as aves, representando 82% do total. A rota do tráfico no País começa com os
animais capturados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e escoados para
as regiões Sul e Sudeste”, afirma Rauff Lima, coordenador da Renctas, uma
organização não governamental.
Já segundo a SOS Fauna, o Brasil é um dos
principais alvos dos traficantes por conta de sua rica biodiversidade. Segundo
essa ONG, cerca de 10% das quase 1,5 milhão de espécies catalogadas no planeta
estão em solo brasileiro.
Órgãos fiscalizadores
Responsável por fiscalizar e reprimir diversos
tipos de crimes – dentre eles o tráfico de animais selvagens – nas rodovias e
estradas federais, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou cerca de 100
mil apreensões de animais selvagens traficados nas estradas brasileiras, no
período entre 2006 e maio de 2014.
Outros dois órgãos que atuam no combate a crimes
ambientais são o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), responsável pela fiscalização ambiental, pelo registro de
dados e pelo controle das atividades de criação e gestão de animais silvestres;
e a Polícia Ambiental de cada estado brasileiro, que fiscaliza atos ilícitos
relacionados aos animais silvestres, conforme recomendação da Polícia Nacional
de Meio Ambiente.
O CFMV e a Comissão Nacional de Animais
Selvagens
O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV)
tem como missão promover o bem-estar da sociedade, disciplinando o exercício
das profissões do Médico Veterinário e do Zootecnista. Para isso, atua em
diversas frentes, e uma delas é junto aos governos federal, estaduais e
municipais.
Em 2012, o CFMV decidiu criar a Comissão Nacional
de Animais Selvagens para tratar de temas de relevância para o país, como o uso
e o manejo da fauna silvestre brasileira. Seu objetivo é fomentar o bem-estar
dos animais selvagens de vida livre e em cativeiro, além de trabalhar no
combate ao comércio ilegal de animais selvagens.
O Sistema CFMV/CRMVs é formado pelo Conselho
Federal de Medicina Veterinária, com sede em Brasília, e pelos 27 Conselhos
Regionais que contemplam todos os estados do País.
Fonte: CFMV
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