UNESCO
apoia globalmente aplicativo de brasileiro para rádios comunitárias.
Desenvolvedor do ‘RadCom’, Arthur William, que mora
em Duque de Caxias, explica que o objetivo do aplicativo é unir as rádios
comunitárias, aproximar as culturas e fortalecer o direito à comunicação.
Imagem: rebaixada.com.br.
A principal característica de uma rádio comunitária
é que ela se dirija a uma comunidade da qual faça parte, o que não significa
necessariamente que seu público se restrinja ao “local”. Para o jornalista
brasileiro Arthur
William, é esse o sentido do aplicativo que criou, o RadCom, dedicado
exclusivamente às rádios comunitárias.
O aplicativo começou com um mapeamento inicial de 70 rádios e
tem no momento um total de 152, originárias da América do Norte e América
Latina, Europa, África e Oceania. Por ser colaborativo, a ferramenta permite
que as rádios se cadastrem e passem a fazer parte dela.
Com a ajuda do escritório da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em
Bangcoc, o aplicativo chegou esta ano à Ásia, onde a questão do idioma era uma
barreira.
A intenção, explica Arthur, é aproximar as rádios
comunitárias e criar uma comunidade global.
“Sempre senti cada rádio falando
apenas para seu local. Não entendiam que a comunidade pode ser muito mais do
que um território. Ela pode ser de interesses, algo que o surgimento das redes
sociais já apontava”, diz.
Disponível em português, inglês e espanhol e para
os sistemas operacionais Android e iOS, além de ser instalável nos computadores
pessoais, o aplicativo é fácil e prático de usar. É possível fazer buscas por
país, cidade e também pelo nome de uma rádio específica. Na tela inicial, o
aplicativo traz alguns destaques e sugestões para o usuário.
Morador de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro,
Arthur já sente mudanças na própria comunidade: “Se antes ela era vista como
algo pequeno, pobre e de audiência limitada, agora as pessoas passam a enxergar
que fazem parte de um rede mundial. E que são ouvidas por pessoas de todo o
planeta, e que podem se inspirar no que os outros estão fazendo e inspirar
também. Assim, dá mais ânimo para quem faz rádio comunitária, que é um tarefa
voluntária, sem fins lucrativos e muitas vezes criminalizada”.
Confira a entrevista com o autor, Arthur William, publicada
pela UNESCO em Bangcoc.
Você pode nos contar como surgiu a ideia por trás
do RadCom Radios?
Eu desenvolvi o aplicativo RadCom Radios para
facilitar o acesso às rádios comunitárias. Enquanto eu faço rádio comunitária
no Brasil, posso pensar que estou sozinho no mundo, mas isso não é verdade. Com
este aplicativo, você, como um operador de rádio, pode descobrir muitas
estações como a sua. Esta descoberta oferece rádios comunitárias como incentivo
e motivação para continuar suas lutas diárias.
Agora sobre o desenvolvimento do aplicativo. Como ocorre?
O RadCom Radios foi desenvolvido em uma cidade
pobre no estado do Rio de Janeiro. Eu acho que as inovações sempre vêm desses
lugares, porque as pessoas pobres precisam ser criativas para sobreviver. Elas
precisam de conhecimento tecnológico para conseguir fazer com que sua mensagem
seja externalizada, e isto acontece também na rádio comunitária.
Elas têm programas inovadores e criativos, mas
poucas pessoas sabem sobre eles. Suas inovações são limitadas pela potência de
seus transmissores ou pelo número de pessoas que acessam seus sites. Existem
outros aplicativos que você pode usar para ouvir rádios comunitárias com
smartphones, mas é difícil escolher especificamente as emissoras comunitárias.
E sobre a questão do idioma? As rádios
comunitárias, muitas vezes, atendem a um público com um nível linguístico muito
específico. Estas transmissões ainda seriam relevantes fora destas áreas?
Outro [objetivo do aplicativo] é estabelecer uma
rede mundial de informação e cultura. Eu não preciso entender tétum – idioma
predominante no Timor-Leste –, por exemplo, para apreciar a música, vozes e
sotaques desta região que o aplicativo pode transmitir. Isso na verdade ajuda a
aproximar as culturas.
Qual o papel que você imagina que os órgãos e
grupos internacionais de desenvolvimento exerçam sobre o futuro deste
aplicativo?
É muito importante que as instituições
internacionais como a UNESCO ajudem a promover iniciativas como esta. A
participação das rádios comunitárias em todo o mundo através deste aplicativo
vai ajudar na luta pela liberdade de expressão e o direito à comunicação.
Acesse o aplicativo em rebaixada.org/radcom
Fonte: ONU
Brasil
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