terça-feira, 14 de outubro de 2014

UNESCO apoia globalmente aplicativo de brasileiro para rádios comunitárias.
Desenvolvedor do ‘RadCom’, Arthur William, que mora em Duque de Caxias, explica que o objetivo do aplicativo é unir as rádios comunitárias, aproximar as culturas e fortalecer o direito à comunicação.
Imagem: rebaixada.com.br.

A principal característica de uma rádio comunitária é que ela se dirija a uma comunidade da qual faça parte, o que não significa necessariamente que seu público se restrinja ao “local”. Para o jornalista brasileiro Arthur William, é esse o sentido do aplicativo que criou, o RadCom, dedicado exclusivamente às rádios comunitárias.

O aplicativo começou com um mapeamento inicial de 70 rádios e tem no momento um total de 152, originárias da América do Norte e América Latina, Europa, África e Oceania. Por ser colaborativo, a ferramenta permite que as rádios se cadastrem e passem a fazer parte dela.

Com a ajuda do escritório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em Bangcoc, o aplicativo chegou esta ano à Ásia, onde a questão do idioma era uma barreira.

A intenção, explica Arthur, é aproximar as rádios comunitárias e criar uma comunidade global. 

“Sempre senti cada rádio falando apenas para seu local. Não entendiam que a comunidade pode ser muito mais do que um território. Ela pode ser de interesses, algo que o surgimento das redes sociais já apontava”, diz.

Disponível em português, inglês e espanhol e para os sistemas operacionais Android e iOS, além de ser instalável nos computadores pessoais, o aplicativo é fácil e prático de usar. É possível fazer buscas por país, cidade e também pelo nome de uma rádio específica. Na tela inicial, o aplicativo traz alguns destaques e sugestões para o usuário.

Morador de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, Arthur já sente mudanças na própria comunidade: “Se antes ela era vista como algo pequeno, pobre e de audiência limitada, agora as pessoas passam a enxergar que fazem parte de um rede mundial. E que são ouvidas por pessoas de todo o planeta, e que podem se inspirar no que os outros estão fazendo e inspirar também. Assim, dá mais ânimo para quem faz rádio comunitária, que é um tarefa voluntária, sem fins lucrativos e muitas vezes criminalizada”.

Confira a entrevista com o autor, Arthur William, publicada pela UNESCO em Bangcoc.

Você pode nos contar como surgiu a ideia por trás do RadCom Radios?

Eu desenvolvi o aplicativo RadCom Radios para facilitar o acesso às rádios comunitárias. Enquanto eu faço rádio comunitária no Brasil, posso pensar que estou sozinho no mundo, mas isso não é verdade. Com este aplicativo, você, como um operador de rádio, pode descobrir muitas estações como a sua. Esta descoberta oferece rádios comunitárias como incentivo e motivação para continuar suas lutas diárias.

Agora sobre o desenvolvimento do aplicativo. Como ocorre?

O RadCom Radios foi desenvolvido em uma cidade pobre no estado do Rio de Janeiro. Eu acho que as inovações sempre vêm desses lugares, porque as pessoas pobres precisam ser criativas para sobreviver. Elas precisam de conhecimento tecnológico para conseguir fazer com que sua mensagem seja externalizada, e isto acontece também na rádio comunitária.

Elas têm programas inovadores e criativos, mas poucas pessoas sabem sobre eles. Suas inovações são limitadas pela potência de seus transmissores ou pelo número de pessoas que acessam seus sites. Existem outros aplicativos que você pode usar para ouvir rádios comunitárias com smartphones, mas é difícil escolher especificamente as emissoras comunitárias.

E sobre a questão do idioma? As rádios comunitárias, muitas vezes, atendem a um público com um nível linguístico muito específico. Estas transmissões ainda seriam relevantes fora destas áreas?

Outro [objetivo do aplicativo] é estabelecer uma rede mundial de informação e cultura. Eu não preciso entender tétum – idioma predominante no Timor-Leste –, por exemplo, para apreciar a música, vozes e sotaques desta região que o aplicativo pode transmitir. Isso na verdade ajuda a aproximar as culturas.

Qual o papel que você imagina que os órgãos e grupos internacionais de desenvolvimento exerçam sobre o futuro deste aplicativo?

É muito importante que as instituições internacionais como a UNESCO ajudem a promover iniciativas como esta. A participação das rádios comunitárias em todo o mundo através deste aplicativo vai ajudar na luta pela liberdade de expressão e o direito à comunicação.

Acesse o aplicativo em rebaixada.org/radcom


Fonte: ONU Brasil

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