Modelo brasileiro de utilização
do etanol é exemplo mundial, afirma novo relatório.
por
Redação da ONU Brasil
Cultivo de cana-de -açúcar para produção de etanol.
Foto: Flickr/Sweeter Alternative (Creative Commons).
Documento da UNCTAD destaca papel de vanguarda do
Brasil na produção de etanol e biodiesel e propõe recomendações de investimento
nessa fonte de energia.
Os biocombustíveis representam hoje apenas 1% do
uso de energia global. No entanto, as pressões relacionadas à mudança climática
e à economia,em conjunto com o lançamento de uma segunda geração dessa
tecnologia, definem a relevância cada vez maior desse setor, divulgou a
Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) na
segunda-feira (03).
O documento sobre o estado do mercado global de
biocombustíveis afirma que, apesar do seu crescimento expressivo, essas fontes
de energia alternativa não devem substituir os combustíveis fósseis, mas
desempenharão um papel complementário na satisfação da demanda global de
energia.
“O Estado do Mercado de Biocombustíveis:
Perspectivas de Regulação, Comércio e Desenvolvimento” foi lançado
em 24 de setembro durante a Conferência Mercado Mundial Bio – Brasil, que aconteceu
em São Paulo. O documento oferece um resumo abrangente desse mercado nos dias
de hoje e contribui para incentivar o acesso às fontes de energia renovável
sustentáveis e melhorar os meios de vida das pessoas em países em
desenvolvimento.
Modelo brasileiro
O documento inclui uma seção sobre o modelo
brasileiro, destacando o país como o único no mundo que usa o etanol, sem
misturas, como substituto direto da gasolina. Apesar de ter perdido a liderança
de produção nos últimos anos para os Estados Unidos, o Brasil registrou um
aumento de produção de 33% entre 2006 e 2012 e utiliza 50% do cultivo de
cana-de-açúcar para a produção de biocombustível.
O quadro regulatório de produção de biodiesel
também recebe atenção do documento, que enfatiza o controle do governo
brasileiro para garantir que esse produto seja competitivo com o diesel e
proteja a agricultura familiar. Aqueles produtores industriais que comprem
matéria-prima desses agricultores, e garantam assistência técnica e
treinamento, podem conseguir benefícios em impostos e crédito por parte do
governo.
Atualizado de um documento similar produzido pela
UNCTAD em 2006, o relatório sublinha que diferente de sua primeira versão,
quando o biocombustível começava a emergir no mundo, em 2014 o bioetanol e o
biodiesel já são considerados parte integral da vida cotidiana em todos os
continentes, graças a sua utilização no setor de transporte.
Além de oferecer uma análise do estado do mercado
atual, o relatório também contém recomendações de políticas para que os países
em desenvolvimento possam fazer o melhor uso dessa tecnologia. Estas incluem a
criação de quadros regulatórios adaptadas para os recursos nacionais, que não
antagonizem com os fornecimentos de alimentos e energia, mas sim aumentem a
produtividade agrícola, a renda rural e as habilidades dos trabalhadores.
O documento sublinha a introdução no mercado de uma
segunda geração de biocombustíveis, que não utiliza produtos extraídos de
culturas aráveis, como o açúcar ou óleo vegetal, mas se concentra no uso de
culturas lenhosas, resíduos agrícolas ou lixo.
O tratamento desse material, no entanto, implica
vários desafios para os países em desenvolvimento, afirma o relatório. Por
isso, uma das recomendações é a implementação de estratégias internacionais que
evitem o surgimento de uma brecha tecnológica entre a primeira geração -de uso
intensivo de terras- e a segunda que requer um vasto investimento de capital.
Fonte: ONU Brasil
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