Protozoário causador de diarreia
foi detectado em mais de 60% do esgoto bruto em regiões de SP.
Um estudo da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da
USP detectou a presença de Giardia intestinalis, protozoário
causador de diarreia em humanos e animais, em 61% das amostras de esgoto bruto
coletadas em seis pontos do Estado de São Paulo.
A presença da Giardia intestinalis é um problema de
saúde pública mundial.
A análise foi feita em locais de grande circulação
de pessoas, como os Terminais Rodoviários do Tietê e Barra Funda e o aeroporto
de Congonhas, em São Paulo; o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos; o de
Viracopos, em Campinas, e o Emissário Rebouças, em Santos, durante o ano de 2012.
A pesquisa também avaliou a presença deGiardia
na cidade de Lima, em Peru. Em 60% das amostras foram detectados o parasita,
sendo o primeiro estudo em avaliar amostras ambientais para a detecção de
cistos de Giardia, por meio de técnicas moleculares no país.
O esgoto é o reflexo da circulação de Giardia
no ambiente e na população, segundo o autor do estudo o veterinário Francisco
Miroslav Ulloa Stanojlovic. Os principais riscos com a circulação do parasita é
a contaminação de mananciais e de água de abastecimento público.
O protozoário Giardia é o parasita
causador da giardíase, doença transmitida pela água, alimentos e práticas de
higiene inadequadas, como não lavar as mãos após ir ao banheiro. Os sintomas
mais comuns são diarreia, cólicas abdominais, flatulência, distensão abdominal,
náuseas, eliminação de fezes gordurosas e fétidas e perda de peso.
“A presença da Giardia intestinalis é um
problema de saúde pública mundial, sua propagação pela água é responsável por
vários surtos de giardíase no mundo. O protozoário é resistente aos tratamentos
convencionais das estações de tratamento de esgoto e também de água, por isso
precisa ser monitorado”, disse Ulloa-Stanojlovic.
Ele alerta que a circulação da Giardia no
Estado de São Paulo demonstra que utilização de água de reuso deve ser feita
com cautela, devido à dificuldade de eliminação do parasita. Os alimentos
também podem ser contaminados com a irrigação de água com presença de cistos de
Giardia.
Protocolo Novo
A pesquisa ainda propôs um procedimento novo para a
caracterização molecular da G. intestinalis, dos agrupamentos A e B
(esses agrupamentos são definidos de acordo com as diferenças moleculares do
protozoário, no caso dos homens, podem estar presentes os agrupamentos A e/ou
B), em amostras de esgoto bruto, sem a necessidade de sequenciamento ou
clonagem.
“As amostras de esgoto são muito poluídas, assim
propomos uma nova metodologia simples e econômica para os laboratórios
avaliarem a presença do protozoário nos processos de tratamento de esgoto, com
o uso de técnicas moleculares”.
O método é baseado em biologia molecular, a Reação
em Cadeia pela Polimerase (PCR), que permite conhecer a distribuição e os
agrupamentos do parasita no ambiente e que afetam à saúde das pessoas.
Foto: Divulgação
Por Hérika Dias, da Agência USP de Notícias.
Fonte: EcoDebate
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