São Paulo vai tratar esgoto e
enviar água de reúso para consumo.
por
Redação do EcoD
Em meio a crise hídrica que assola o estado de São
Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou nesta quarta-feira, 5 de
novembro, a construção de duas estações de produção de água de reúso que
abastecerão diretamente as bacias dos sistemas Guarapiranga e Alto Cotia.
Segundo informações do Estadão, serão as duas
primeiras instalações do Estado para captar o esgoto e transformá-lo em água de
reúso, que servirá mais tarde para o consumo. Ainda em fase de projeto, as
estações têm previsão de entrega para dezembro de 2015.
“Na estação do Guarapiranga, vamos gerar 2 metros
cúbicos por segundo de água de reúso. Teremos esse valor a mais sendo devolvido
ao Guarapiranga independentemente de chuva”, explicou Alckmin. A outra estação
será feita na região do Rio Cotia e terá capacidade de produção de 1 metro
cúbico por segundo. Cada metro cúbico de água é suficiente para abastecer 300
mil pessoas, segundo o governador.
Alckmin também anunciou a construção de 29
reservatórios, que aumentarão em 10% a capacidade de reserva de água tratada na
Região Metropolitana. Segundo o governador de São Paulo, a Sabesp vai aumentar
a água da Represa Billings para o Sistema Guarapiranga. O volume repassado
passará dos atuais 2 para 4 metros cúbicos por segundo. Por essa razão foi
reduzida há um mês a água enviada da Billings para a usina hidrelétrica do
litoral.
As medidas de reforço nos demais sistemas de
abastecimento da Região Metropolitana têm como objetivo diminuir a demanda
sobre o Sistema Cantareira. Atualmente, 2,3 milhões de consumidores deste
último são atendidos pelo Guarapiranga e Alto Tietê.
Em 17 de outubro, o EcoD publicou as opiniões do
professor Ivanildo Hespanhol (Poli-USP) sobre o reúso de água em São Paulo. Na
concepção do especialista, a região metropolitana precisa começar a reusar a
água para que o sistema hídrico tenha sustentabilidade.
“Nós continuamos trazendo água de fora, produzindo
esgoto e não tem nem planejamento para tratá-lo”, criticou Hespanhol.
Aproveitando as estações existentes, o sistema de tratamento poderia, de acordo
com o professor, ser aprimorado para que essa água fosse destinada para
aproveitamento não potável, como o uso industrial. Isso, seria, na opinião do
especialista, uma Resistência cultural.
Existe, inclusive, de acordo com Hespanhol, uma
resistência cultural ao uso de esgoto tratado para o abastecimento. “A nossa
percepção cultural inibe a utilização de esgoto como água potável ou não
potável”, destacou.
O professor garante, entretanto, que os processos
de reúso podem transformar o esgoto em água e ser usada para qualquer
finalidade. Para o abastecimento das cidades, Hespanhol diz que a água de reúso
pode ser misturada a água usada normalmente para o abastecimento. “Onde ele
seria diluído, teria a qualidade melhorada, voltaria para estação de
tratamento, produzindo água”, detalhou.
Fonte: EcoD
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