terça-feira, 10 de março de 2015

Queda no consumo de carvão na China.
por Luciano Dantas, do Greenpeace Brasil
O consumo de carvão da China caiu 2,9% em 2014, de acordo com dados oficiais de energia chinesa. O país vive um embate dramático para barrar o crescimento do uso do carvão nas últimas décadas e os mesmos dados indicam uma redução de 1% nas emissões de CO2 provenientes da queima de combustíveis fósseis.

Ainda, a diminuição do consumo de carvão ocorreu sem que houvesse interferência no crescimento econômico do país desde 2012. A fonte foi responsável por mais da metade do crescimento das emissões de CO2 global nos últimos 10 anos.

Uma série de fatores contribuiu para a redução no ano passado: rápido aumento da capacidade de geração de energia renovável, mudança do crescimento econômico da indústria pesada para novos setores da economia, e melhoria da eficiência energética na geração de energia e na indústria. Vale destacar que a China tem atingido números significativos relacionados à capacidade de energia eólica conectada à rede e de energia solar.
As emissões chinesas de petróleo, gás e queima de carvão não caiam desde a crise econômica, há mais de 15 anos. Foto: © Lu Guang/Greenpeace.

A crise de poluição no ar no país impulsionou a criação de políticas ambiciosas para controlar o uso do carvão, com políticas que restringem o acesso de grandes empresas da indústria à matriz poluente. O último prego restante para fechar o caixão do crescimento desenfreado do consumo de carvão da China veio no final de 2014, quando o país reduziu radicalmente o interesse e o uso do carvão, devido a preocupações sobre os impactos na água e viabilidade econômica.

“A redução de consumo do carvão e o fato de que a economia segue em constante crescimento mostra como é possível nos desvencilharmos do carvão e como estamos bem encaminhados em relação a isso”, disse Fang Yuan, porta-voz do Greenpeace do Leste Asiático. “A partir de agora, em vez de nos perguntarmos se é possível zerar o consumo de carvão até 2020, a pergunta feita será em quanto tempo poderemos enxergar novamente paisagens que foram tomadas pela poluição originada pelo carvão. Esta é uma chamada para os principais emissores do mundo.”

A implementação das metas de energia existentes na China, incluindo fontes renováveis e o controle do consumo total de energia, pode fazer com que o país zere o consumo do carvão bem depois de 2020. O Greenpeace está pedindo para que esta seja uma meta oficial para o plano quinquenal da China entre 2016 e 2020.

Outra decisão importante foi o recente pedido que a China fez a quatro províncias localizadas em regiões econômicas-chave, para que estas definam metas absolutas de redução de consumo de carvão. Essas regiões consomem mais de 600 milhões de toneladas por ano, quase a mesma quantidade de todo o país.

“A queda do consumo de carvão da China é a melhor notícia possível para os cidadãos chineses, que sofrem os impactos da poluição atmosférica. Esta é uma oportunidade histórica para que autoridades estabeleçam metas que reduzam à zero o consumo de carvão no próximo plano quinquenal”, concluiu Fang Yuan.


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