terça-feira, 20 de outubro de 2015

ActionAid lança minidocumentário sobre impactos da produção de biocombustíveis sobre a de alimentos no Mato Grosso.
Juliana Câmara / ActionAid

Como ação para marcar o Dia Mundial da Alimentação em 2015, celebrado em 16 de outubro, a organização de combate à pobreza ActionAid lança no Brasil o vídeo “Biocombustíveis: energia não alimenta”, um pequeno documentário sobre os impactos da expansão de áreas de monocultura para produção de biocombustíveis sobre as plantações de pequenos agricultores familiares do assentamento Roseli Nunes, em Mirassol d’Oeste. São centenas de famílias prejudicadas pelo uso extensivo do solo e da água, além de grandes quantidades de agrotóxicos. A agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos consumidos hoje no país.

Num dos depoimentos, a agricultora Miraci Pereira da Silva diz: “Enquanto nós temos a preocupação de produzir alimentos saudáveis, por outro lado, as grandes fazendas em volta só usam monocultura de cana e agrotóxico. E isso a gente sabe que não prejudica só lá no local, mas todo o entorno, que sofre contaminação da água e do solo”.

Sob o argumento de ser menos poluente, o setor de biocombustíveis recebe bastante incentivo oficial – com o governo determinando uma porcentagem cada vez maior de mistura de etanol para os veículos no país. No entanto, a ActionAid defende que é preciso relativizar esta ideia de sustentabilidade, pois o produto final pode ser menos poluente, mas o processo produtivo provoca danos ambientais e sociais.

Um relatório encomendado pela organização, em parceria com a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), ao economista e consultor da Fase Sergio Schlesinger embasa o material audiovisual. O documento mostra o impacto das monoculturas sobre a produção de alimentos no Mato Grosso, estado que é maior é produtor brasileiro de grãos: a expansão da soja, do milho, do algodão e da cana-de-açúcar se deu em prejuízo de importantes culturas alimentares, como o arroz, cuja área plantada em 1998/99 era de 730 mil hectares, dos quais restaram apenas 166 mil na safra 2012/13. A área total plantada com mandioca em Mato Grosso reduziu-se de aproximadamente 40 mil para menos de 24 mil hectares entre 2005 e 2012.

A produção diversificada de outros alimentos, como frutas, legumes e verduras, é também reduzida em relação às necessidades de consumo da população do estado. Segundo informações colhidas pelo autor do estudo junto à prefeitura do município de Lucas do Rio Verde, por exemplo, 90% de todos os alimentos consumidos por seus habitantes vêm de centros de abastecimento distantes, como São Paulo, na região Sudeste, e Curitiba, na região Sul.

De acordo com o relatório, além da disputa pela área plantada com o agronegócio, os pequenos agricultores enfrentam a falta do apoio necessário dos governos municipais e estadual, e os problemas decorrentes da utilização de agrotóxicos em grande escala, que prejudicam as plantações e as saúdes das famílias. A redução do volume das águas consequente do desmatamento causado pela expansão destas grandes monoculturas também atinge as populações locais. O problema se soma à contaminação destas mesmas águas pelos pesticidas.

Por fim, o documento faz recomendações pela adoção de medidas para regulamentar a produção de soja e cana-de-açúcar na região, inibindo práticas prejudiciais, além da opção pelo estímulo aos agricultores familiares.
Sobre a ActionAid

A ActionAid é uma organização de combate à pobreza, presente no Brasil há 15 anos. Está presente em 13 estados, trabalhando em parceria com 25 organizações locais em benefício de mais de 300 mil pessoas. Suas áreas de atuação são segurança alimentar, educação, direitos das mulheres e participação democrática.

Para assistir ao vídeo, clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=fuL-D7KoWdw

Para acessar o relatório, clique aqui:

Matéria do Gias com a Fase e a Misereor: http://bit.ly/GiasMisereor

Para mais informações: Juliana Câmara: (21) 2189-4643
Andrés Pasquis: (65) 9970-1354

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