Belo
Monte: depois da Inundação.
Por Redação do Greenpeace Brasil –
Lançamento de documentário sobre uma das obras mais
controversas do mundo conta com a presença de diversos povos indígenas
ameaçados pela construção de hidrelétricas.
“Se Maomé não vai até a montanha, a montanha vai
até Maomé. Então nós vamos levar Belo Monte para o conhecimento de todos”. Esse
é Todd Southgate, diretor do documentário Belo Monte: Depois da Inundação,
lançado ontem (5) em Brasília na presença de seus protagonistas: os povos
indígenas do Rio Xingu, barrado pela infâme construção. Também participaram
outros povos ameaçados pela produção de energia, que habitam os rios Madeira,
Tapajós, Teles Pires e Juruena.
Antes do início do filme, que explora a história e
consequência de uma das obras mais violentas e controversas do mundo, foi
apresentado um estudo de impactos econômicos caso a Usina Hidrelétrica de São
Luiz do Tapajós, no Rio Tapajós, fosse construída. No total, R$1,9 bilhão
seriam perdidos em impactos não avaliados pelos estudos do governo, como perda
de renda de subsistência, piora da qualidade d’água e aumento de gases de
efeito estufa com a criação do reservatório.
Com a exibição do documentário, foi provado que
nenhuma dessas perdas é novidade para aqueles que moram da região da Usina
Hidrelétrica de Belo Monte. Muitos vieram às lágrimas vendo a triste realidade
que se instalou ao redor de todo o Rio Xingu. “Eu não tinha noção da amplitude
dessa tragédia. Todo brasileiro tem que saber disso”, disse, emocionada, a
atriz e comediante Maria Paula Fidalgo. Saiba mais sobre o filme aqui, que será
disponibilizado online em breve.
Seguiu-se então um debate com a presença de Antônia
Melo e Raimunda Silva, do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, cacique Gillard
Juruna, do Xingu, cacique Juarez Munduruku, do Tapajós, Sônia Guajajara, da
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Adriana Ramos, do Instituto
Socioambiental, Felício Pontes, procurador da República, Todd Southgate e
Philip Fearnside, cientista.
“Esse é um projeto sem fins lucrativos, feito para
não deixar Belo Monte cair no esquecimento. Não é entretenimento, é uma
ferramenta de resistência para todos os impactados pela obra e também para quem
vai ser impactado por outro projeto semelhante”, defendeu Southgate.
Convidados e organizadores posam para foto após a
exibição de estreia do documentário. Foto: © Alan Azevedo / Greenpeace
Para Antônia Melo, Belo Monte é um crime, que além
de tudo agora está atraindo a mineração para o local. “É muita falta de
informação. E o filme ajuda com isso. Não há dinheiro que domine um povo
consciente”.
Segundo Sônia Guajajara, a resistência contra Belo
Monte não é apenas regional, mas nacional e também mundial. “Precisamos
fortalecer ainda mais essa aliança que foi criada entre índios, ribeirinhos,
organizações, advogados e cientistas”, disse ela.
Por sua vez, o cacique Gillard Juruna contou como
perdeu seu irmão pescador recentemente por conta de equipamentos de péssima
qualidade da Norte Energia e o cacique Juarez Munduruku chamou atenção para as
recentes investidas do poder público: “o governo está vindo com tudo. [A usina
de] Tapajós foi suspensa, mas pode voltar a qualquer momento. Eles não sabem
que os Munduruku não têm divisão com a floresta, os animais ou o rio. Nós somos
o Tapajós”.
O procurador da República, Felício Pontes,
ressaltou: “Belo Monte tem que servir de exemplo do que não pode mais
acontecer”.
Com produção da International Rivers, Amazon Watch
e Todd Southgate, e narração de Marcos Palmeira, o documentário foi premiado
como melhor filme no júri popular do Festival Cine Amazônia.
Seguindo a programação, hoje (6) um seminário sobre
Hidrelétricas na Amazônia, Conflitos Socioambientais e Caminhos Alternativos
está tendo lugar na Câmara dos Deputados, em Brasília. O evento, composto por
três mesas de debate com diversos especialistas no tema, pode ser acompanhado
por transmissão ao vivo.
Fonte: Greenpeace Brasil
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