segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Coppe mapeia áreas verdes em residências da Zona Norte do Rio de Janeiro.

Apenas 11,40% das áreas dos quintais de residências do subúrbio da Zona Norte do Rio de Janeiro possuem árvores e 2,47% têm cobertura rasteira, como gramados. A pesquisa, que retrata o percentual de áreas verdes que restou em residências localizadas nessa região, onde residem 38% dos habitantes do município, cerca de 2,4 milhões de pessoas, foi tema da tese de doutorado da pesquisadora Vera Ruffato, defendida recentemente no Programa de Planejamento Energético da Coppe. Trata-se do maior mapeamento de áreas verdes residenciais já realizado até o momento no país.
Vera Ruffato, pesquisadora da COPPE

Composta por 79 bairros, distribuídos em 203 mil km2, essa região, que é a ambientalmente mais degradada da cidade, vem sofrendo grande alteração de sua estrutura de ocupação, principalmente pela substituição de casas por prédios. “A proposta foi estudar a contribuição dos quintais das residências da Zona Norte para a manutenção das áreas verdes urbanas no uso e ocupação do solo da cidade, tendo em vista que a Prefeitura só possui o mapeamento das áreas verdes acima de 1 mil m2 (1 hectare)”, explica Vera.

A pesquisadora diz que uma forma de amenizar o impacto da urbanização nessa região seria incentivar o plantio de árvores nos chamados espaços permeáveis, que permitem a absorção da água. 

Essas áreas estão sendo regulamentadas por meio dos Projetos de Estrutura Urbana (PEUs), que vêm sendo discutidos para serem votados na câmara dos vereadores. No caso de novas construções, o Plano Diretor do Município do Rio de Janeiro de 2011 já estabeleceu que todas devem ter um percentual de área permeável, a ser definido por leis complementares.

Segundo Vera as árvores protegem as residências da incidência do sol, podendo diminuir a conta de energia das residências entre 15 e 35%, devido a redução dos custos com climatização. Suas folhas absorvem parte dos ruídos e o sombreamento nas paredes e no chão resulta na redução de ilhas de calor, podendo reduzir a temperatura do ar em uma cidade em até 5ºC. “As árvores também diminuem a quantidade de poluentes, a exemplo de particulados como monóxido de carbono. Ruas com residências arborizadas propiciam redução de 70% da poluição na área”, afirma Vera Ruffato, acrescentando que a copa da árvore também retém e faz evaporar parte da água da chuva, contribuindo para um volume menor de água a ser escoado, amortizando assim os impactos dos temporais.

Algumas sugestões apontadas por Vera em sua tese de doutorado, defendida em setembro de 2016, começam a ser implementadas por meio de dois decretos baixados pela prefeitura dia 1º de janeiro. 

Um deles estipula o prazo de 180 (cento e oitenta) dias para que a Secretaria de Conservação e Meio Ambiente apresente plano para criação de dois viveiros municipais de mudas em Campo Grande e Guaratiba, visando a ampliar a área arborizada da cidade em 300 hectares até o final de 2019. As mudas deverão ser replantadas, com ênfase, exatamente nas áreas abordadas pela pesquisadora em sua tese: nos subúrbio da Zona Norte do Rio.

O segundo decreto estipula um prazo de 120 dias para que a Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente e a Secretaria Municipal de Fazenda apresentem um plano para instituir o IPTU Verde na Cidade do Rio de Janeiro, que deverá ter, entre outras medidas, sistemas de aquecimento solar e captação de águas da chuva para reaproveitamento. Com relação a esse decreto, a pesquisadora da Coppe criticou o fato de que as áreas verdes não tenham sido sequer citada no texto entre as medidas recomendadas. “Elas foram relegadas ao item “outros”, quando deveriam estar entre os destaques”, ressaltou.


Fonte: ENVOLVERDE

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