quarta-feira, 15 de março de 2017

Os cinturões que sustentam a floresta.
Estudo de brasileiros e alemães revela que manter a diversidade vegetal na Amazônia ajuda a conter o ciclo vicioso causado pelo desmatamento e pela diminuição das chuvas.

Por Luciana Vicária, do OC –

Um grupo de pesquisadores de universidades e centros de pesquisa brasileiros e alemães divulgou nesta segunda-feira (13) um estudo que revela o potencial de cinturões de mata preservada, ricos em biodiversidade vegetal, na sobrevivência do bioma amazônico. De acordo com os cientistas, a variedade de espécies ajuda a conter o ciclo vicioso causado pela exploração de madeira e a diminuição das chuvas na Amazônia – fatores que se retroalimentam e ameaçam a sobrevivência da floresta. O estudo foi publicado pela revista científica Nature Communications.

Os cinturões são poderosos porque têm uma variedade maior de espécies e, consequentemente, uma coleção de plantas que reagem de maneira diferente ao estresse hídrico, tornando o bioma mais resistente, de acordo com Gilvan Sampaio, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um dos autores do estudo. “Preservar a diversidade de espécies pode, portanto, ajudar a conter o ciclo vicioso causado pelo aumento do período de seca ou estiagem ocasionados pelo desmatamento”, afirma.
Floresta altamente biodiversa e produtiva na Amazônia. Foto: Claudio Angelo/OC

Para detectar esse comportamento, os pesquisadores analisaram a complexa rede de fluxos de água da floresta. Eles perceberam que, ao se reduzir a quantidade de chuvas pela metade, como ocorreu há cerca de 20 mil anos, a floresta foi reduzida em 10%. Em um cenário idêntico de estresse hídrico, mas que inclui o desmatamento, essa perda foi estimada em 38% de floresta, o que poderia ameaçar a sobrevivência da floresta.

A floresta produz grande parte da água de que necessita, evaporando parte de sua umidade, que retorna por meio de chuvas, em um processo conhecido como reciclagem. “A humanidade está impondo perturbações maciças na Amazônia, seja na retirada de árvores, seja aquecendo o ar com gases de efeito estufa, o que impacta o ciclo hidrológico, o transporte de umidade em grande escala e consequentemente a precipitação”, diz Sampaio.

A Amazônia já sofre os efeitos das mudanças climáticas. Embora as médias de chuvas não tenham se alterado drasticamente nos últimos anos, secas prolongadas e chuvas intensas são mais comuns atualmente. Também o desmatamento causa perturbações no ciclo hidrológico, fazendo com que chova mais em algumas regiões e menos em outras. Assim, investir na biodiversidade é uma forma de amenizar os efeitos da retirada florestal, afirma o pesquisador do Inpe.

Acesse o artigo na íntegra aqui.  


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