sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Exposição pré-natal aos ftalatos, presentes em produtos químicos domésticos, pode reduzir QI.
Os ftalatos são um grupo de compostos químicos derivados do ácido ftálico, tal como o cloro ftalato, utilizado como aditivo para deixar o plástico mais maleável. Tal grupo de compostos é tido como cancerígeno, podendo causar danos ao fígado, rins e pulmão, além de anormalidade no sistema reprodutivo, também provocam alterações hormonais. Fonte: Wikipedia.

Mulheres grávidas que foram expostas a altos níveis de produtos químicos domésticos comuns encontrados em plásticos, cosméticos e purificadores de ar deram à luz crianças que tiveram a inteligência afetada anos depois, revelou um estudo americano publicado nesta quarta-feira. Matéria da AFP, no Yahoo Notícias, com informações adicionais do EcoDebate.

Crianças cujas mães tiveram detectados traços elevados das substâncias di-n-butil ftalato (DnBP) e diisobutil ftalato (DiBP) apresentaram uma média de QI aproximadamente seis pontos abaixo daquelas cujas mães tiveram níveis mais baixos de exposição aos compostos químicos.

Com base nos resultados, as pesquisas recomendam que as grávidas limitem a exposição a produtos aromatizados, incluindo aromatizadores de ambiente e lenços amaciantes, evitar aquecer alimentos no micro-ondas dentro de recipientes plásticos e manter distância de plásticos recicláveis classificados com os números 3, 6 ou 7 para reduzir os riscos para os filhos.

“Mulheres grávidas nos Estados Unidos estão expostas ao ftalatos – um grupo de compostos químicos derivados do ácido ftálico – quase diariamente, muitas em níveis similares àqueles que nós achamos estar associados a reduções substanciais no QI das crianças”, alertou o principal autor do estudo, Pam Factor-Litvak, doutor e professor associado de Epidemiologia na Escola de Saúde Pública Mailman da Universidade de Columbia, em Nova York.

“Embora exista alguma regulamentação para proibir os ftalatos em brinquedos de crianças pequenas, não há nenhuma legislação sobre a exposição durante a gravidez, que é, provavelmente, o período mais sensível do desenvolvimento cerebral”, acrescentou.

O estudo [Persistent Associations between Maternal Prenatal Exposure to Phthalates on Child IQ at Age 7 Years], publicado no periódico PLOS ONE, é o primeiro a estabelecer uma relação entre exposição pré-natal aos ftalatos e o QI de crianças em idade escolar.

A pesquisa se baseou em 328 mulheres de renda baixa da cidade de Nova York e seus filhos.

Foi medida a exposição das mulheres a quatro ftalatos – DnBP, DiBP, di(2-etilhexil)ftalato e o dietilftalato – no terceiro trimestre da gravidez, através de amostras de urina.

Seus filhos fizeram testes de QI quando completaram 7 anos de idade.

“Filhos de mães expostas durante a gravidez à concentração de 25%, a mais elevada de DnBP e DiBP, tinham QIs 6,6 e 7,6 pontos mais baixos, respectivamente, do que os filhos de mães expostas a níveis inferiores a 25% de concentração, após o controlados fatores como QI e educação da mãe e a qualidade do ambiente doméstico, conhecidos por influenciar os níveis de QI das crianças”, acrescentou o estudo.

Outras duas pesquisas sobre ftalatos também demonstraram uma relação com a diminuição do QI.

O nível de exposição encontrado nas mulheres esteve bem dentro dos limites do que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDCs) observaram em uma amostra nacional.

“O tamanho dessas diferenças de QI é preocupante”, disse o principal autor do estudo, Robin Whyatt, professor de ciências de saúde ambiental e vice-diretor do Centro de Saúde Ambiental Infantil da Escola Mailman.

“Um declínio de seis ou sete pontos no QI pode ter consequências significativas no desempenho acadêmico e no potencial ocupacional”, destacou.

O DnBP e o DiBP foram encontrados em lenços amaciantes (utilizados em secadoras de roupa), fibras de vinil, batom, spray de cabelo, esmalte e alguns sabonetes. Os produtos nos Estados Unidos raramente exibem na embalagem a presença de ftalatos.

Referência

Pam Factor-Litvak, Beverly Insel, Antonia M. Calafat, Xinhua Liu, Frederica Perera, Virginia A. Rauh, Robin M. Whyatt
Research Article | published 10 Dec 2014 | PLOS ONE
10.1371/journal.pone.0114003


Fonte: EcoDebate

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