sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Número de animais ameaçados de extinção no Brasil aumenta 75% em 11 anos.
Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira: “Nós fizemos o maior inventário de fauna do mundo”. Foto:  Marcello Casal Jr/Agência Brasil.

O número de animais ameaçados de extinção no Brasil aumentou 75% entre 2003 e 2014, segundo a nova lista nacional de espécies ameaçadas, divulgada ontem (17) pelo Ministério do Meio Ambiente. Entraram na lista 395 espécies, a maior parte de invertebrados terrestres, e 88 animais não fazem mais parte do grupo dos ameaçados de extinção, que reúne 698 espécies.

A ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, atribui o aumento ao maior número de espécies analisadas. O estudo foi realizado entre 2010 e 2014 por mais de 1,3 mil especialistas, e considerou 12.256 espécies – número 800% maior que o relatório anterior, segundo o MMA.

“Nós fizemos o maior inventário de fauna do mundo e, em algumas classes de animais, avaliamos 100% de espécies conhecidas no Brasil, o que não aconteceu antes. Quando você conhece mais, tem uma amostra maior, o número de ameaçados também sobe”, disse a ministra.

O grupo de espécies de animais que mais entram na lista foi o dos invertebrados terrestres (148), seguido das aves (100), dos répteis (62), mamíferos (55) e anfíbios (30). Com a atualização, as aves são os animais mais ameaçados, com 234 espécies na lista. O pássaro maçarico-rasteirinho é uma das novas espécies ameaçadas e apresenta grande declínio populacional, segundo o ministério. Outra espécie ameaçada é o macaco-prego-galego, da Mata Atlântica nordestina, que sofreu grande redução nas últimas décadas.

O ministério diz que a expansão agrícola e urbana, os grandes empreendimentos e assentamentos, a poluição, as queimadas, o desmatamento e as espécies invasoras são fatores importantes para o aumento no risco de extinção de espécies da fauna. A lista divide os animais ameaçados em três categorias, que servem para orientar as ações nacionais de proteção: criticamente em perigo, que tem risco extremamente alto de extinção na natureza; em perigo, com risco muito alto, e vulnerável, com risco alto.

“As espécies que entraram na lista terão planos de conservação, todas serão hierarquizadas e todas farão parte do plano nacional de recuperação de espécie. Nossa intenção é retirá-las dessa lista. É um trabalho que casa ciência com conservação de políticas públicas e a tomada de decisão de novas políticas”, informou Isabela Teixeira.

Entre os animais que saíram da lista estão a baleia-jubarte, a arara-azul-grande e o uacari, que estão, segundo o ministério, em recuperação da população. A ampliação do conhecimento sobre as espécies e o aumento populacional são fatores considerados pelos pesquisadores como determinantes para a saída de alguns grupos de animais da lista.

O Ministério do Meio Ambiente também divulgou dados referentes às espécies de plantas e peixes ameaçadas. Foram consideradas com risco de sumirem do meio ambiente 2.113 espécies de plantas – 4,8% da flora do Brasil. Dessas, 286 têm algum valor socioeconômico, como plantas medicinais e espécies madeireiras.

No total, 82 espécies de peixes ou invertebrados aquáticos saíram da lista dos ameaçados de extinção, e 325 entram na classificação, aumentando de 232 para 475 o número de espécies ameaçadas de desaparecer da natureza. O ministério diz que o principal motivo para a ameaça às espécies de peixes continentais é a perda de habitat, enquanto o fator responsável para o aumento do risco às espécies marinhas é a sobrepesca.


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