quinta-feira, 21 de maio de 2015

Diretor do C40 defende redução das emissões por pessoa.
Mark Watts (à esq., gesticulando) explicou como funciona o C40 e a importância do ingresso de Salvador no grupo. Foto: Marcelo Gandra Coperphoto / Sistema FIEB.

Um dos maiores especialistas do mundo na abordagem da relação entre mudanças climáticas e cidades, o britânico Mark Watts, esteve em Salvador na quarta-feira, 13 de maio, para participar do evento Cidades e Clima – Estratégia de Adaptação e Resiliência, promovido pela Secretaria Cidades Sustentáveis (Secis), com o apoio do Conselho de Responsabilidade Social da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Cores/Fieb).

Diretor executivo do grupo de cidades C40, cujo objetivo é reunir algumas das maiores cidades do mundo para estudar e compartilhar soluções de combate ao aquecimento global, Watts liderou também o desenvolvimento do Plano de Ação para Mudança Climática de Londres, além de um programa associado para reduzir as emissões de carbono na capital britânica em 60% até 2025.

A visita do diretor do C40 ao Brasil marca o ingresso recente de Salvador no grupo de cidades, que hoje já conta com 75 associadas. A escolha da capital baiana para integrar a elite mundial no que se trata de discussões sobre o clima traz como consequência o cumprimento de requisitos como a intensificação de ações relativas à emissão de gases nocivos ao planeta. Outra meta diz respeito à implantação de mudanças relativas ao transporte público.

“Salvador tem uma grande oportunidade, porque o C40 é um verdadeiro farol sobre sustentabilidade e clima, que busca fomentar as políticas públicas nas cidades”, destacou Watts.
Ônibus em Londres. Programa pensado por Watts na capital londrina incluiu um centro de operações que monitora os diferentes meios de transporte que circulam pela cidade. Foto: DAVID HOLT.

Cidades brasileiras

No Brasil, além de Salvador, apenas Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo participam do seleto grupo criado em 2005, o qual uma das principais metas consiste em reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 248 milhões de toneladas até 2020. O atual presidente do C40 é o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.

Com base em estudos científicos, o executivo alertou que nem mesmo a limitação do aumento da temperatura global em 2ºC nos próximos anos é segura. “Só esses 2ºC a mais já seriam suficientes para reduzir a produção mundial de soja em 70%”, exemplificou. “Temos também que diminuir as emissões de gases estufa por pessoa nas cidades. A média aqui do Brasil é de quatro toneladas ao ano por cada habitante, a de Londres é o dobro e a de boa parte dos Estados Unidos chega a 20 toneladas, o que inviabiliza os recursos naturais do planeta”, reforçou Watts.

Sobre a importância do C40, o britânico observou que os resultados falam por si, pois, em 2011, por exemplo, apenas seis cidades disponibilizavam aluguel de bicicleta, número que subiu para 36 em 2013; outras 13 possuíam sistema de BRT – dois anos depois já havia 29. Contudo, os desafios em outras áreas persistem: apenas três, das 75 metrópoles, restringem a circulação de automóveis nas áreas centrais: Estocolmo, Paris e Londres.
O secretário da Cidade Sustentável, André Fraga, destacou o ingresso de Salvador no C40. Foto: Marcelo Gandra Coperphoto / Sistema FIEB.

Para Watts, os líderes mundiais tentam um acordo mais efetivo há pelo menos 20 anos, mas pouco têm produzido, o que reforça o papel do grupo de cidades. “Se o C40 fosse um país, seríamos o quinto maior emissor mundial de gases do efeito estufa e a segunda maior economia do planeta. Daí nossa responsabilidade. As cidades são parte do problema e das soluções, porque possuem problemas semelhantes. Em rede, buscamos alternativas que possam ajudá-las.”

Salvador

O secretário da Cidade Sustentável, André Fraga, explicou como se dá o ingresso da capital baiana no grupo de cidades. “Salvador participa de três grupos de trabalho no C40. O primeiro se refere a questões envolvendo o transporte público, que é um dos grandes problemas da cidade. Em função da problemática referente à mobilidade urbana, o objetivo é que, com o passar do tempo, a Prefeitura possa contar em sua frota de ônibus com veículos que emitam menos gases poluentes, pensando na integração inteligente de meios como BRT, metrô e bicicleta. O segundo grupo engloba ações voltadas para os assentamentos em áreas de risco”, diz.

Fraga ressaltou ainda que as tragédias recentes ocorridas por conta das chuvas na cidade são reflexos diretos das mudanças climáticas. “Quando ocorrem eventos climáticos extremos em curto espaço de tempo, as cidades se tornam vulneráveis, pois não estão preparadas para esta mudança repentina. Por isso, os integrantes do C40 buscam antecipar essas situações, e isso deve se tornar cada vez mais frequente no planeta”, justificou o secretário.

O terceiro grupo ao qual Salvador está vinculado diz respeito à coleta seletiva, reciclagem e ao tratamento dado aos resíduos sólidos.


Fonte: EcoD

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