terça-feira, 30 de junho de 2015

UFSC inaugura Centro de Pesquisa e Capacitação em energia solar.
Atividade integrou a programação do Seminário Energia + Limpa, organizado pelo Instituto Ideal.

Previsto para estar em funcionamento a partir de julho, o Centro de Pesquisa e Capacitação em Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina – Fotovoltaica/UFSC, deve atender a uma das principais demandas para a disseminação da energia solar no país: a capacitação da mão de obra. Inaugurado no dia 1º de junho, em Florianópolis, como parte da programação do 6º Seminário Energia + Limpa, organizado pelo Instituto Ideal e pela UFSC, o Centro é uma iniciativa inédita no estado e foi construído com o apoio financeiro do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

De acordo com o professor da UFSC Ricardo Rüther, que está a frente da implantação do Centro, apesar da carência de profissionais capacitados ser muito forte, a energia solar ainda é o segmento das energias renováveis que mais emprega no mundo. “Junto à busca constante por soluções que tornem a tarifa para energia solar mais competitiva, a capacitação é condicionante para o avanço das renováveis. Não é à toa que países como Índia e EUA investem muito nessa área”, destaca Rüther que é também diretor técnico do Ideal.

Iniciado com um projeto em 2010, o Centro será inteligente, integrando diversas tecnologias fotovoltaicas. Administração, salas de aula, laboratórios e oficinas serão distribuídos em dois blocos. O prédio possui uma capacidade total de 100KWp, sendo que para total funcionamento, o centro utilizará apenas cerca de 60% da energia gerada. “O restante será direcionado para o campo central na UFSC”, observa o professor. Cerca de 25 estudantes do Grupo Fotovoltaica da UFSC, coordenado por Rüther, já estão atuando no local, mas futuramente, quatro professores e suas equipes poderão usufruir do espaço.
Rüther destacou ainda o projeto do ônibus movido a energia solar, que também conta com apoio do MCTI e deve fazer o trajeto UFSC-Sapiens Parque. “O veículo terá espaço para reuniões e internet”.

Durante a cerimônia de inauguração,  o secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis) do MCTI, Eron Bezerra,salientou a relevância das energias alternativas e da eficiência energética no contexto real de sustentabilidade e independência. “Sustentabilidade não é o mesmo que preservação. Um país que não tem como garantir sua independência no setor energético e que não pensa em desenvolver energias renováveis está com os dias contados”, afirmou.

Para o secretário, ensino e pesquisa que desenvolvam tecnologias alinhadas à realidade têm grande potencial de garantir a sustentabilidade para a população. O papel do governo neste contexto é estimular pesquisas e fomentar projetos. “Para 2015, temos R$ 90 milhões destinados a financiamento, a 3,8% de juros ao mês. Precisamos estreitar a distância entre o governo, as instituições de pesquisa e ensino e as empresas privadas para que essa verba seja bem aplicada”.

Segundo o Pró-reitor de pesquisa da UFSC, Jamil Assreuy, o Centro de Capacitação marca o início da construção do parque científico e tecnológico da Universidade no Sapiens Parque, localizado na Rota da Inovação do município.


Fonte: ENVOLVERDE
Tecnologia a favor das cidades.
Ideia da Sidewalk Labs é de desenvolver e incubar tecnologias urbanas. Imagem: Sidewalk Labs/Divulgação.

Em um mundo em que cerca de 3,2 bilhões de pessoas vivem em áreas urbanas (53% da população do planeta), nada mais natural que boa parte dos problemas esteja concentrado nas cidades. Para solucioná-los, a tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa. A Google acaba de fundar uma nova companhia com esse foco, a Sidewalk Labs.

O anúncio foi realizado pelo CEO e cofundador Larry Page em uma postagem da rede social Google Plus. A ideia é gerar tecnologias que possam beneficiar bilhões de pessoas ao redor do mundo.

Ele compara as possibilidades da empresa ao laboratório Google X e à empresa Calico (um investimento de Page no campo da saúde).

De acordo com ele, a ideia da Sidewalk Labs é de desenvolver e incubar tecnologias urbanas. O texto de Page e a página do projeto, no entanto, não deixam claro quais seriam os primeiros trabalhos da companhia.

“Muitos de vocês moram em uma cidade. E você provavelmente pode pensar em uma tonelada de maneiras que você gostaria que sua cidade fosse melhor – moradias mais acessíveis, transporte público melhor, menos poluição, mais parques e espaços verdes, ciclovias mais seguras, caminhos mais curtos… a lista continua”, escreveu Page.
“Investimento modesto”

O CEO da Sidewalk Labs será Dan Doctoroff, ex-CEO da Bloomberg e vice-prefeito de Desenvolvimento Econômico e Reconstrução da cidade de Nova York.

No texto de apresentação, Larry Page caracteriza a empresa como um “investimento modesto”. Ele compara as possibilidades da empresa ao laboratório Google X e à empresa Calico (um investimento de Page no campo da saúde).


Fonte: EcoD
Sociedade civil critica acordo de livre comércio do Pacífico Sul.
Organizações da sociedade civil da região do Pacífico afirmam que é preciso cuidar da indústria local antes de os países se lançarem em mais acordos de livre comércio. Foto: Catherine Wilson/IPS.

Por Catherine Wilson, da IPS – 

Canberra, Austrália, 9/6/20/15 – Os 14 países que integram o Fórum das Ilhas do Pacífico estão presos em negociações com seus dois grandes vizinhos, Austrália e Nova Zelândia, sobre um novo acordo regional de livre comércio chamado Pacer Plus, que, segundo seus promotores, permitirá impulsionar o crescimento econômico.

Como as ilhas do Pacífico concentram apenas 0,05% do comércio mundial, Edwini Kessie, assessor responsável do Fórum, disse à IPS que o tratado permitirá que se integrem “a uma cadeia de fornecimento regional e global e melhorem sua participação no comércio mundial”.

As negociações do Pacer Plus são a continuação do Acordo do Pacífico sobre as Relações Econômicas Estreitas entre os mesmos países. O documento atual procura ir além de um acordo comercial padrão para incluir o movimento de bens, serviços (como educação e saúde) e investimentos, com discussões adicionais sobre o aumento da mobilidade trabalhista e assistência ao desenvolvimento para os pequenos Estados insulares.

Mas a Rede do Pacífico sobre Globalização, com sede em Fiji, junto com outras 32 organizações da sociedade civil de países como Papua-Nova Guiné, Vanuatu e Samoa, não estão convencidas do giro e protestam com a campanha Tabu Pacer Plus.

“O Pacer Plus é apresentado como um acordo de desenvolvimento para o Pacífico, mas as atuais propostas fazem com que o Pacífico perca flexibilidades fundamentais que são aplicadas aos países menos adiantados. Isto é, algumas das menores economias do mundo terão que adotar o mesmo nível de restrições vinculantes sobre sua regulamentação que a de seus vizinhos maiores”, afirmou Maureen Penjuelei, coordenadora da organização Pang, em um comunicado divulgado em abril.

A Pang afirma que o acordo permitirá ampliar os mercados para as nações da região conhecida como Australásia, com poucos benefícios para os Estados insulares em desenvolvimento, que atualmente têm suas mercadorias de exportação limitadas e indústrias locais pouco desenvolvidas.

As negociações do Pacer Plus já duram sete anos e se prevê que terminarão em meados do próximo ano. Mas a Pang exorta os governos das ilhas do Pacífico a pôr fim às conversações.

“Um texto do acordo que vazou confirma muitos de nossos temores sobre o que significa para as comunidades do Pacífico. Se não assinarem o Pacer Plus, muitos países poderão desenvolver as indústrias locais, como fizeram Austrália e Nova Zelândia, protegendo-as e cuidando delas até que possam competir em escala global”, apontou à IPS um porta-voz da Pang.

Há um grande desequilíbrio comercial na região. Entre 2009 e 2010, a Austrália importou das ilhas do Pacífico um total de 3,14 bilhões de dólares australianos (cerca de US$ 2,3 bilhões), mas as exportações para esses países quase duplicaram, chegando a 5,7 bilhões de dólares australianos (US$ 4,3 bilhões).

As principais exportações das ilhas são matérias-primas como madeira, açúcar, óleo de palma, pescado, café, cacau e recursos minerais dos países melanésios, com destino a Austrália, Estados Unidos e países asiáticos, e os benefícios derivam do valor agregado. Com limitados produtos manufaturados, os países insulares têm uma grande dependência das importações, o que se reflete em um grande déficit comercial.

“Após mais de uma década de liberalização comercial, que derivou em um amplo acesso ao mercado de bens, a maioria dos países mantém o déficit comercial que possuem desde sua independência”, e, em “um deplorável ambiente pouco desenvolvido, a nova competição estrangeira pouco fará para gerar crescimento”, afirmou o Instituto do Pacífico de Políticas Públicas (PIPP) de Vanuatu.

As ilhas do Pacífico tiveram franquias aduaneiras com Austrália e Nova Zelândia desde 1981, no contexto do Acordo de Cooperação Comercial e Econômica Regional do Pacifico Sul (Sparteca).

Competir em igualdade de condições no mercado global é um desafio devido ao isolamento geográfico das ilhas dos mercados principais e a falta de economias de escala na produção, exacerbado por uma infraestrutura insuficiente e pouca força de trabalho.

Mas pode levar anos antes que as indústrias locais sejam competitivas com seus vizinhos maiores. Mesmo nesse caso, é pouco provável que a brecha entre o alto custo de produção no Pacífico e os preços mundiais de serviços e produtos manufaturados diminua de forma drástica, segundo o Banco Mundial.

As discussões comerciais procuram fomentar uma assistência maior por parte dos doadores de Austrália e Nova Zelândia para melhorar a capacidade de produção. No entanto, isso não é nada seguro, pois nenhum desses países estará obrigado legalmente às promessas de mais ajuda ou à mobilidade trabalhista, apesar de todas as partes assumirem compromissos obrigatórios sobre o acesso a mercados de bens, serviços e investimentos.

Definitivamente, os habitantes das ilhas veem como a pressão internacional leva à abertura de suas economias ao livre comércio antes de estarem prontas. As consequências, segundo os ativistas, podem ser maior desigualdade se o fluxo de bens importados baratos destruir as empresas locais e aumentar o desemprego.

A falta de arrecadação do governo pela redução das tarifas alfandegárias sobre importação também pode chegar a cerca de US$ 110 milhões ao ano em toda a região, diz o informe do PIPP, o que prejudicará os recursos do Estado e os serviços públicos.

“O Pacer Plus, definitivamente, não é para Papua-Nova Guiné. A destruição de recursos e vidas neste país é resultado de acordos desse tipo, que não beneficiam as pessoas”, destacou à IPS John Chitoa, coordenador do Grupo Bismarck Ramu, membro da Pang.

Papua-Nova Guiné atraiu os maiores níveis de investimento direto estrangeiro na região, chegando à média de US$ 100 milhões ao ano desde 1970. Mas a proporção de pessoas pobres cresceu de 29,5%, em 1981, para 40%, atualmente, e a maioria da população carece de serviços básicos adequados.

Kessie argumentou que o Pacer Plus permitirá aos “países imporem rígidos padrões de saúde sobre os alimentos importados, com a devida justificativa científica”. Mas os promotores da campanha Tabu Pacer Plus pedem uma avaliação social, cultural, ambiental e de direitos humanos do impacto do acordo antes que as negociações avancem.


Fonte: ENVOLVERDE
Protocolo de Kioto: Sete chaves sobre este importante acordo.
Qual é a importância do protocolo que entrou em vigor em 2005? Quais metas foram propostas e quantas alcançadas? Quanto pode contribuir nas ações que serão realizadas antes de entrar em vigor o acordo que se espera conseguir na COP 21, em Paris? Aqui apresentamos sete chaves do acordo e uma infografia de uso livre, que ajudarão a entender o acordo internacional mais importante para tentar frear a mudança climática.
O Protocolo de Kyoto é o primeiro acordo internacional vinculante para lutar contra a mudança climática.

Conexão COP 21, 16/6/2015 – “O Protocolo de Kyoto foi um notável êxito em muitos aspectos. Não só enfatizou a realidade científica de que é preciso reduzir as emissões, mas também introduziu conceitos pioneiros, opções flexíveis, soluções práticas e procedimentos para a contabilidade de emissões que hoje em dia damos como assentados”, afirmou Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (CMNUCC).
  1. O primeiro compromisso dos países para reduzir as emissões completa este ano uma década de implantação. Um grande êxito no ano estratégico para a COP 21, na qual se espera conseguir um acordo climático global mais ambicioso.
  2. O Protocolo de Kyoto é um acordo internacional adotado em Kyoto, no Japão, em 11 de dezembro de 1997, e que entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005.
  3. A redução das emissões, em média, de 5% com relação aos níveis de 1990 foi o primeiro período do compromisso (2008-2012), que 37 países industrializados e a Comunidade Europeia assumiram. Porém, o resultado foi mais que animador, segundo a informação fornecida pelas partes do Protocolo: redução de 22,6% em relação ao ano de referência, 1990.
  4. O segundo período de compromisso, conhecido como Emenda de Doha, entraria em vigor quando três quartos das partes do Protocolo tivessem fornecido seus instrumentos de aceitação ao seu Depositário. Espera-se que isso contribua para elevar os níveis de ambição para a ação antes de 2020.
  5. O acordo introduziu uma inovação fundamentao, como é o uso dos mercados para facilitar o investimento em ações climáticas. Isso deixou claro às empresas e aos investidores que os gases-estufa têm um preço e reduzi-los tem um valor.
  6. Dando um valor à redução de emissões, o Protocolo de Kyoto serviu para criar o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que permitiu a países em desenvolvimento e desenvolvidos cooperarem para reduzir emissões, ao mesmo tempo impulsionando o desenvolvimento sustentável.
  7. Atualmente há 7.800 projetos dentro do MDL em 105 países em desenvolvimento. Para cada tonelada de gás que conseguem reduzir, esses projetos recebem créditos que podem ser vendidos no mercado. Graças a esse sistema, até agora se evitou a emissão de 1,5 bilhão de toneladas de CO2 na atmosfera.


TRADUÇÃO DA INFOGRAFIA

Protocolo de Kyoto: Um passo crucial na luta contra a mudança climática

O Protocolo de Kyoto é o primeiro tratado mundial de redução de emissões. Foi adotado durante a COP realizada no Japão, em dezembro de 1997, e entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005.

Com o primeiro período de compromisso do Protocolo de Kyoto (de 2008 a 2012), 37 países industrializados e a Comunidade Europeia se comprometeram a liderar a ação climática mundial com a redução de suas emissões em uma média de 5% com relação aos níveis de 1990.

Em 2012, foi estabelecido o segundo período de compromisso, conhecido como Emenda de Doha. A Organização das Nações Unidas incentivou os governos a acelerar a ratificação deste segundo período para contribuir com o aumento dos níveis de ambição para a ação antes de 2020, pois a previsão é que o novo acordo de Paris entre em vigor em 2020.

Durante o primeiro período de compromisso até 2012, as emissões de GEE caíram 22,6% em relação ao ano de referência.
  • Baixa total das emissões até 2012 – 22,6%
  • Compromisso de reduções até 2012 – 5%
Estes são dados sobre as emissões de gases-estufa até 2012 pelas partes do Anexo B do Protocolo de Kyoto (países com objetivos vinculantes). Estes dados, baseados em informações recebidas em 2014, são provisórios e podem variar segundo os resultados das avaliações anuais em curso.

Países com objetivos vinculantes durante a primeira fase do Protocolo de Kyoto (37 no total).

Tipos de gases-estufa cobertos pelo Protocolo de Kyoto:
  • dióxido de carbono (CO2)
  • metano (CH4)
  • óxido nitroso (N2O)
  • perfluorocarbonos (PFCs)
  • exafluoreto de enxofre (SF6)
  • hidrofluorocarbonos (HFCs)

Setores e fontes de emissões cobertas pelo Protocolo de Kyoto

Energia

Queima de combustíveis: indústrias energéticas, manufatureiras e da construção, transporte.
Emissões fugitivas de combustíveis: combustíveis sólidos, petróleo e gás natural.

Agricultura

Fermentação entérica, gestão do esterco, cultivo de arroz, solos agrícolas, queima prescrita de savanas, queima de resíduos agrícolas no campo.

Lixo

Resíduos sólidos enterrados, gestão de águas residuais, queima de resíduos.

Processos industriais

Produtos minerais, indústria química, metalurgia, produção de organohalógenos e hexafluoreto de enxofre, consumo de organohalógenos e hexafluroeto de enxofre.

Dissolventes e uso de outros produtos


Fonte: Conexion COP
Poluição que mata.
Como deixar de subsidiar a poluição e suas mortes – 

Por Washington Novaes –

É inquietante. Ao mesmo tempo que o governo brasileiro mantém posições tímidas e insuficientes nas negociações globais sobre o clima para um novo acordo este ano, internamente também se sucedem críticas sobre iniciativas para enfrentar as graves questões no nosso território. Uma das últimas dá conta de que a barragem de Sobradinho, no Rio São Francisco, poderá ter de recorrer ao “volume morto” para abastecer parte da população do Nordeste (Estado, 17/5) – cenário que a Agência Nacional de Águas considera “de extrema gravidade”.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já comunicou ao Ibama que é preciso reduzir a vazão na barragem, senão o volume útil pode chegar a zero em setembro. Segundo a Chesf, a estiagem é a pior em 84 anos. Em Alagoas, mais de 100 mil pessoas já estão sendo socorridas para o abastecimento doméstico; no Ceará, agricultores perderam de 80% a 90% das safras de milho e feijão (remabrasil, 6/5), inclusive porque tiveram de abrir porteiras para o gado se alimentar.

A situação só não é ainda mais grave porque nos últimos anos se construíram no Nordeste mais de 823 mil cisternas de placa – ação de governos com a participação de empresas –, capazes de armazenar, cada uma, água de chuva captada nos telhados das casas e suficiente para fornecer 20 litros diários a cada pessoa durante toda a estiagem.

Também foram implantados 104 mil projetos com tecnologias rurais adequadas (barragens subterrâneas e outras). Neste momento, pode-se imaginar o que seria a vida de muitos milhões de pessoas em algumas áreas do Semiárido que estão no quarto ano seguido de seca muito grave (Folha de S.Paulo, 31/5).

Não há dúvida de que a situação vai complicar-se em 1,26 milhão de quilômetros quadrados de 1.440 municípios de 8 Estados nordestinos e do norte de Minas Gerais, que, segundo a Embrapa (remabrasil, 28/5), já mostram algum nível de desertificação. O processo de degradação do solo é muito forte, juntamente com a perda da cobertura vegetal, da biodiversidade e da capacidade de produção da agropecuária. Já há quatro anos a empresa, em relatório para a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO-ONU), mostrava que 25% dos recursos dos solos estavam degradados, 8% em nível moderadamente degradado, 36% estáveis ou levemente degradados e apenas 10% em recuperação. Também muito preocupante é saber que nas áreas em desertificação é maior que a média nacional a presença de “pobres e indigentes”. E a população geral em toda a área problemática do Semiárido é de 31,66 milhões de pessoas. Na verdade, Caatinga e Cerrado têm 85% dos pobres no País (Eco 21, abril de 2015).

Diz o senador Fernando Bezerra Coelho, presidente da Comissão Mista de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional (remabrasil, 28/5), que o desmatamento recente na Caatinga e no Cerrado equivale a uma área como a de Portugal (92 mil km2); metade dos territórios afetados está em “processo acentuado e severo de desertificação”. No Ceará, todos os 184municípios estão atingidos; no Rio Grande do Norte, na Paraíba e no Piauí, 90% dos territórios – e basta lembrar que 43% do território do Semiárido está em áreas de solo muito frágil. Mas nas áreas rurais são muito comuns o desmatamento, a extração excessiva de produtos florestais, as queimadas, o uso intensivo do solo.

O Brasil é um dos 192 países signatários da Convenção da ONU sobre Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. Mas pouco tem avançado nos 16% de seu território em áreas críticas de 27% dos municípios, embora tenha programas específicos no Ministério do Meio Ambiente, como o do fogão ecológico, que permite reduzir o consumo de lenha. Mas a reforma agrária e a assistência a 120 mil famílias acampadas praticamente não avançaram em 2014, com os cortes orçamentários – o Ministério do Desenvolvimento Agrário perdeu quase metade das dotações a ele destinadas – ficou com R$ 1,8 bilhão, ante R$ 1,35 trilhão destinado ao pagamento de juros da dívida governamental, segundo as críticas (amazonia.org, 29/5).

Problema na área que tem merecido pouca atenção e foi destacado em páginas recentes por este jornal (31/5) é o uso de lenha em fogões – que, além de desmatamento, é a causa de quase 50% das 49 mil mortes de pessoas por poluição interna nos 7 milhões de casas brasileiras que usam esse combustível. O nível dessa poluição interna, diz o texto de Fernando Scheller, é oito vezes maior que o da cidade de São Paulo. Mas não é problema só brasileiro. A Organização Mundial da Saúde aflige-se, já que 3 bilhões de pessoas no mundo queimam combustíveis dentro de casa para gerar energia – e isso leva a 6 milhões de mortes por ano.

Em algum momento todas as pessoas, em todos os lugares, não terão como fugir à discussão – e suas consequências políticas – sobre a poluição no uso de combustíveis e os incentivos que lhes são destinados. A última avaliação do Fundo Monetário Internacional – segundo o site Corporate Knights (18/5) – é de que nada menos de US$ 5,3 trilhões, ou R$ 17,5 trilhões (6,5% do produto global anual), são destinados a cada ano a esses subsídios. Ou seja, US$ 10 milhões por minuto. É mais do que todos os governos do mundo aplicam em programas de saúde.

O consultor britânico sir Nicholas Stern lembra que se esses subsídios fossem eliminados se conseguiria, automaticamente, reduzir em 20% a poluição da atmosfera planetária por dióxido de carbono. A China é quem mais subsidia o uso dos combustíveis fósseis, com US$ 2,3 trilhões anuais, seguida de Estados Unidos (US$ 700 bilhões), Rússia (US$ 335 bilhões), Índia (US$ 277 bilhões) e Japão (US$ 157 bilhões). A União Europeia aplica US$ 330 bilhões/ano. Sem os subsídios seria possível reduzir o número de pessoas que a cada ano morrem por causa dessa poluição.

Que faremos por aqui?

* Washington Novaes é jornalista, email: wlrnovaes@uol.com.br


segunda-feira, 29 de junho de 2015

Orgânicos a preços acessíveis?
O Brasil ostenta o indigesto posto de campeão mundial no consumo de agrotóxicos, com uma média de um milhão de toneladas por ano, segundo dados divulgados em abril pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Só para se ter ideia, casa brasileiro consome uma média de 5,2 kg dessas substâncias a cada ano, fator que pode desencadear intoxicações agudas, crônicas e até mesmo câncer.

Os alimentos orgânicos, que dispensam os agrotóxicos em sua produção, são uma boa alternativa ao problema. A questão é que, geralmente, eles custam bem mais do que os produtos convencionais, o que impede sua popularização na mesa dos brasileiros. Ao pensar nisso, o Instituto Chão passou a comercializá-los, na Vila Madalena, em São Paulo, pelo mesmo preço proveniente dos produtores. – um dos fornecedores é o Sítio Escola Portão Grande.

Assim, um pé de alface orgânico que pode custar até R$ 4 em um supermercado ou hortifruti, por lá é comercializado por até R$ 2.

O Instituto Chão é uma associação sem fins lucrativos que é construída colaborativamente – para a inauguração e compra do primeiro lote de orgânicos, por exemplo, o grupo fez um projeto de financiamento coletivo.

Diversidade de produtos

Além de frutas, legumes e verduras, a associação oferece uma série de chocolates, patês, queijos, mel, farinha, óleos e bebidas, além de um café, que serve lanches e bebidas – todos orgânicos.

Bem que iniciativas semelhantes poderiam se espalhar por todo o Brasil, não é mesmo? Recentemente, o EcoD mostrou o Mapa de Feiras Orgânicas, que pode te auxiliar a encontrar esses alimentos mais saudáveis, com preços acessíveis, perto de você.

Fonte: EcoD
O futuro das bacias hidrográficas.
Por Alan Azevedo, do Greenpeace Brasil – 

O novo e último vídeo sobre o seminário “ÁGUA & EDUCAÇÃO – Práticas e Reflexões”, realizado em São Paulo em parceria com o Instituto 5 Elementos, Namu, Nace Pteca, OCA – Laboratório de Educação e Política Ambiental da Esalq e Sala Crisantempo, fala sobre o futuro das bacias hidrográficas. A região Sudeste sofre há mais de um ano com uma crise hídrica histórica, e as leis de proteção ambiental são importantes mecanismo que podem garantir o abastecimento de água.

A convidada desse último bloco é a professora doutora Sueli Furlan, do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo. Atualmente desenvolvendo pesquisas socioambientais em Conservação de Florestas tropicais, Furlan adentra na questão de Áreas de Proteção Permanente (APP) de morro.
A questão é sensível porque são os topos dos morros que cercam as bacias hidrográficas que garantem grande parte da preservação dos mananciais, mas a lei é inadequada e permite a silvicultura, por exemplo.

“Precisamos mudar a narrativa, colocar a natureza no centro da política. Se assim acontecer, talvez a gente tenha a terá organizada de outra forma”, talvez, segundo ela, poderíamos assim ter um mundo mais protagonizado pelos povos e pelas comunidades e não pelos poderes organizados.

Relembre os outros episódios e se eduque sobre Água. Saiba tudo sobre a crise assistindo aos outros oito capítulos:

Assista também os outros episódios:


O Brasil na Bioeconomia.
Por Maurício Antônio Lopes –

A sustentabilidade entrou de forma definitiva na agenda da sociedade. Um exemplo significativo está na importância que a “sustentabilidade corporativa” ganhou nos últimos anos. De conceito vago, tornou-se um imperativo para o sucesso das empresas, que precisam, cada vez mais, entregar valor e não apenas mercadorias para a sociedade. Sustentabilidade, apesar de intangível, sem existência física, é hoje um valor essencial, que se converte em ativo e vantagem competitiva no mundo dos negócios.

“Sustentabilidade corporativa” requer negócios amparados em boas práticas de governança e benefícios sociais e ambientais, influenciando ganhos econômicos, a competitividade e o sucesso das organizações. O número de empresas que emitem relatórios de sustentabilidade cresceu de menos de 30 no início dos anos 1990 para mais de 7.000 em 2014. Ao operar assim, as empresas elevam a sua capacidade de competir em mercados cada vez mais exigentes e desafiadores. E, de quebra, ampliam a sua perenidade, em virtude do fortalecimento da marca, da reputação e da credibilidade.

O interesse pela sustentabilidade se fortalece na medida em que a sociedade se dá conta dos limites do modelo de desenvolvimento dependente de recursos não renováveis, no contexto de mudança paulatina dos anseios da sociedade, da busca de segurança energética e de novas possibilidades de produção. Como a população cresce em número e em capacidade de consumo, também cresce o desejo de que a economia utilize mais recursos de base biológica, recicláveis e renováveis, logo mais sustentáveis – e essa é a base da bioeconomia.

O sofisticado embasamento técnico da biotecnologia moderna já possibilita a criação de imensa gama de novos produtos e processos, tais como energia renovável, alimentos funcionais e biofortificados, biopolímeros, novos materiais, medicamentos e cosméticos. Isso faz com que o Brasil tenha uma janela de oportunidade para participar de maneira significativa desse desafio, garantindo espaço competitivo para inovadores produtos e processos de base biológica, em segmentos vitais como a agricultura, a saúde, e as indústrias química, de materiais e de energia.

A biodiversidade é matéria-prima essencial para o futuro da bioindústria e o Brasil tem a maior diversidade biológica no planeta, com muitos ativos de grande interesse para o comércio e a economia. Por meio da bioeconomia surgem possibilidades concretas para a utilização sustentável dessa biodiversidade, o que envolve desafios em diversos campos – biológico, econômico, político e cultural – todos necessários para se compreender e antever cenários plausíveis para o desenvolvimento dessa nova vertente econômica.

Um passo fundamental para a construção de uma estratégia nacional de inserção na bioeconomia foi a aprovação da Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015, que simplifica e regula o acesso ao patrimônio genético do país e ao conhecimento tradicional associado, para fins de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. A Lei também orienta a repartição, com os detentores desses recursos, dos benefícios decorrentes da exploração econômica de produto ou material reprodutivo desenvolvido a partir desses acessos, sejam eles plantas, animais ou microrganismos.

Outros passos precisarão ser dados em seguida, como a definição de uma agenda estratégica, que aponte áreas prioritárias de desenvolvimento bioindustrial de alto potencial de impacto, nas quais o Brasil apresente maiores vantagens competitivas. Tal agenda permitirá ao país direcionar investimentos e orientar a ampliação da sua base científica e tecnológica, incluindo a modernização da infraestrutura de pesquisa e inovação e estímulos ao empreendedorismo e à interação público-privada.

Com a bioeconomia podemos transformar e dinamizar segmentos essenciais como a agricultura, que já posiciona o Brasil na vanguarda da produção de alimentos, fibras e energia no mundo. Os avanços em tecnologia de biomassa permitem antever um futuro em que as usinas de açúcar e álcool brasileiras se transformem em biorrefinarias, produzindo ampla linha de químicos renováveis. A Embrapa já domina tecnologia de biofábricas, com produção de fármacos e componentes industriais sofisticados em células vegetais. Em breve, sistemas integrados combinando lavouras, pecuária e floresta nos permitirão produzir carne, grãos, fibras e energia com emissões líquidas de carbono muito baixas ou, em algumas situações, com captura maior que emissão.

O que vemos é apenas a ponta do iceberg, comparado ao que se anuncia, por exemplo, com a biologia sintética − resultado da convergência do mundo digital com o mundo biológico − que abrirá caminhos para uma inusitada gama de biofármacos, bioinsumos e bioprodutos. Precisamos estar preparados. O futuro será definitivamente Bio. 

* Maurício Antônio Lopes é presidente da Embrapa.


Fonte: ENVOLVERDE
Encíclica papal sobre meio ambiente.
Nesta quinta-feira, 18 de junho, o Vaticano irá divulgar uma encíclica papal sobre mudanças climáticas e meio ambiente. Encíclicas são documentos dirigidos aos católicos de todo o mundo para atualizar a doutrina por meio de um ensinamento ou a respeito de um tema da atualidade. Esta é a primeira vez em seus mais de 2.000 anos de existência que a Igreja Católica formaliza um posicionamento sobre um tema ambiental. Portanto, há grande expectativa de que a mensagem do papa Francisco tenha um peso grande sobre o acordo que deverá ser fechado no final deste ano, em Paris, para combater o aquecimento global. Por isso, ONGs ambientais de todo o mundo estão promovendo uma campanha para elevar a visibilidade do assunto perante a opinião pública.

No Brasil, a iniciativa é liderada pelo Observatório do Clima, rede brasileira de organizações da sociedade civil que atua na agenda de mudanças climáticas. Além de um bem-humorado vídeo inspirado em filmes de luta, como Rocky e Karatê Kid, a etapa brasileira da campanha conta com vídeos contendo depoimentos de lideranças de várias religiões que serão lançados ainda este mês. “A campanha reconhece a importância da iniciativa do Papa Francisco e mostra também que as mudanças climáticas são um assunto de interesse de todas as religiões”, explica Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. “A encíclica  trará à tona o aspecto moral das alterações climáticas, que estão afetando especialmente as populações carentes e em situação de risco”, completa.
Poucos dias após o lançamento da encíclica, a presidente Dilma Rousseff terá um encontro com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A questão climática e energética será um dos principais temas da reunião. “A mobilização da sociedade é fundamental neste momento, pois até agora o Brasil não apresentou suas metas de redução de emissões dos gases causadores do efeito estufa para o acordo de Paris”, destaca Rittl. “Como mostrou a pesquisa do Datafolha, o brasileiro já percebeu que as mudanças climáticas estão diretamente relacionadas com as crises de água e energia que estão afetando a qualidade de vida e os bolsos de todos” lembra Rittl.   

Segundo o levantamento, quase a totalidade dos brasileiros (95%)  acha que as mudanças climáticas já estão afetando o Brasil. Nove em cada 10 entrevistados veem uma relação direta entre as crises da água e energia e as alterações do clima, sendo que para 74% há muita relação. “Não estamos mais falando de uma hipótese, mas de uma realidade que tende a se tornar mais perversa se não mudarmos a maneira como produzimos e consumimos”, conclui.


Fonte: ENVOLVERDE
Educomunicação: oficina ensina conceitos básicos de fotografia a jovens rurais.
Registro da paisagem feito por aluno, durante exercício prático de fotografia, no dia 28. Foto: Arquivo ICV.

Sucena Shkrada Resk/ICV 

Unir sensibilidade com a noção básica de conhecimento técnico de como usar os recursos de uma câmera digital. Durante duas horas e meia, no dia 28 de maio, alunos do ensino médio da Escola Estadual André Maggi, que estudam em uma sala disponibilizada na Escola do Campo Aldovandro da Rocha Silva, na área rural de Cotriguaçu, Mato Grosso, exercitaram esses conhecimentos, saindo da rotina de uma aula convencional. Essa foi a primeira prática educomunicativa realizada com essa turma, sob orientação do Instituto Centro de Vida (ICV), que tem o objetivo de possibilitar que os adolescentes conquistem a autonomia para multiplicar seus conhecimentos e documentar seus processos de aprendizados. A próxima, programada para o mês de junho, será destinada à redação de jornal mural, entre outros tipos de veículos comunicacionais.
Jovens de Ouro Verde fazem registros da realidade em que vivem. Foto: Sucena Shkrada Resk/ICV.

A atividade possibilitou também que houvesse o exercício de coleguismo por parte dos estudantes que já têm alguma familiaridade com o equipamento com aqueles que, pela primeira vez, estavam mexendo em uma máquina fotográfica. Nesta atividade dentro e fora da sala de aula, nas proximidades da horta da unidade escolar e no cenário tipicamente rural, puderam compreender a importância da luminosidade natural e artificial, quando há necessidade do uso do “flash”
Exercício também em sala de aula facilitou troca de avaliações das fotos tiradas pelos próprios alunos. Foto: Sucena Shkrada Resk/ICV.

, da utilização do “zoom”, para aproximar a imagem, como também o que significa ter foco e enquadramento.

Para completar as noções básicas, foram provocados a observar que uma foto é muito mais que técnica, e requer ao mesmo tempo objetividade e um olhar sensível. Fizeram seus próprios registros e os refizeram na tentativa de aprimorar. A proposta foi incentivá-los a reconhecer a fotografia como um documento de  testemunho ocular, que conta uma história e um processo.
Focar em detalhes foi um dos objetivos da oficina. Foto: Sucena Shkrada Resk/ICV.

A iniciativa integra o conteúdo curricular deste ano preparado pela docente da turma, no Projeto Semeando Futuro idealizado pelos próprios jovens a fim de evitar o êxodo rural e valorizar as atividades no campo baseadas na Agroecologia. Dá continuidade às ações desenvolvidas no Projeto Cotriguaçu Sempre Verde (CSV), iniciado em 2011, que tem à frente o ICV e parceiros, com apoio do Fundo Vale.

Veja também:


Fonte: ICV

sábado, 27 de junho de 2015

Design da Mata lança vivência pioneira e amplia renda de comunidades.
Comunidade Baré. Foto: Design da Mata.

Empreendimentos que oferecem soluções em escala para problemas sociais e ambientais de populações de baixa renda, também conhecidos como Negócios de Impacto, fazem parte de um setor relativamente novo, mas que começa a ganhar consistência no Brasil.

De acordo com uma estimativa feita pelo “Mapa do Setor de Investimento de Impacto no Brasil” em 2014, fundos dedicados a aportes em empreendedores de impacto pretendem aumentar em até 50% o valor destinado a negócios dessa área e dobrar o número de empresas que têm em suas carteiras.

Pesquisa feita pela Ande (Aspen Network of Development Entrepreneurs), pela LGT Venture Philantropy, pela Quintessa Partners e pela Universidade de St. Gallen revela que fundos especializados querem captar US$ 150 milhões para destinar a negócios de impacto social em 2014 e 2015, quase o mesmo montante arrecadado nos últimos dez anos. Nesse período, US$ 177 milhões foram captados, dos quais US$ 74,6 milhões foram investidos em 68 empresas brasileiras.

Aqui no país, temos de exemplo o Design da Mata, uma causa social que apresenta há 5 anos, uma experiência pioneira capaz de trazer um modelo de atuação diferente na cadeia produtiva da produção artesanal aliada ao conhecimento tradicional. Uma nova maneira de comercializar o artesanato feito por comunidades dos mais diversos biomas brasileiros. Mais do que vender, o núcleo quer contar histórias, criando uma vivência à sociedade, sobre o processo produtivo do começo ao fim.
Artesão. Foto: Design da Mata.

Tudo começou depois de uma viagem de ecoturismo pela Amazônia para vivenciar a arte e a vida local, feita por um grupo de jovens empresários que sentiu o impulso de conectar artesãos da floresta com o contexto urbano de São Paulo através de seu saber fazer.

O movimento começou com edições anuais de fim de ano, em formato de bazar em São Paulo, através da comercialização consciente de artesanato e promoção de manifestações artísticas, culturais e gastronômicas dessas comunidades. O projeto tem iniciativa de Mônica Barroso e Marina Fay (direção executiva), Marcela Pagano Herz (comunicação e marketing), Graziela Pinto (direção artística e novos projetos), Fernanda Pereira (gestão administrativo-financeira), Ricardo Leal (programação cultural), além da equipe da Unidade de Negócios do IPÊ, Instituto de Pesquisas Ecológicas.

A edição de 2011 arrecadou R$ 18 mil, saltando para R$ 146.000 em 2014, sendo a maior parte do valor arrecadado revestida para remunerar os artesãos, cobrir custos do evento e formar caixa para a próxima edição. Desde 2015, o núcleo tem 2 investidores-anjo que estão apostando no potencial do Design da Mata como um negócio de impacto inovador.

No começo deste ano, o projeto deu um novo passo e passou a integrar à unidade de negócios do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, uma organização não governamental brasileira que trabalha pela conservação da biodiversidade do país, por meio de ciência, educação e negócios. “O IPÊ assumiu a coordenação do Design da Mata porque acredita no seu formato inovador de aproximação do artesão com o público consumidor, o que amplia a possibilidade de divulgação dos seus produtos, projetos e regiões”, esclarece Andrea Peçanha, coordenadora de negócios do Instituto. “Além disso, existe o impacto socioambiental, uma vez que a comercialização é um dos grandes gargalos dos projetos de geração de renda”, completa Andrea.
Artesanato de Baré. Foto: Design da Mata.

Outro passo é que Design da Mata passa a ter duas edições por ano, sendo que a última ocorreu no museu do objeto brasileiro A CASA em maio, que mesmo com caráter experimental, superou as expectativas de vendas, com o faturamento de R$66 mil, dos quais aproximadamente R$40 mil correspondem à parcela repassada aos grupos de artesãos. Por ser uma edição inédita, o faturamento menor do que a edição de Natal é esperado, e contou com a participação de 17 parceiros, beneficiou cerca de 300 artesãos, de 30 comunidades diferentes, representando 13 estados brasileiros.

O projeto já contou com importantes instituições sociais, como o Instituto Atá, do Chef Alex Atalla, o instituto A Gente Transforma, do Marcelo Rosenbaum, o Projeto Saúde & Alegria (Santarém, PA), A CASA e o Instituto Meio, sendo estes 3 últimos os que representam um número significativo de artesãos, entre outros parceiros de peso. Com todos estes avanços, a rede Design da Mata passa a ter mais estrutura para ampliação e fortalecimento do projeto em diferentes plataformas, com agenda anual de intervenções e imersões às comunidades parceiras, tal como desenvolvimento de novos produtos. A marca busca novos investidores e estudam a possibilidade de vendas online em função da demanda crescente.


Fonte: ENVOLVERDE