segunda-feira, 18 de abril de 2016

Vigilância nuclear ganha novas estações.
Cada potência nuclear gasta milhões de dólares para melhorar seu arsenal, segundo especialistas. Foto: Administração Nacional de Segurança Nacional/CC-BY-ND-2.0.

A Organização do Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares (OTPCE), com sede em Viena, na Áustria, instalará em breve duas estações de monitoramento no Equador, o que vai melhorar sua capacidade para registrar testes nucleares em qualquer parte do planeta.

Por Thalif Deen, da IPS – 

Nações Unidas, 8/3/2016 – O secretário executivo da OTPCE, LassinaZerbo, explicou à IPS que as duas estações, RB 24 e IS 20, “nos permitem dar um importante passo para a conclusão do sistema de Monitoramento Internacional, uma rede que supervisiona o que acontece no mundo durante 24 horas por dia, sete dias por semana, em busca de sinais de explosões de testes nucleares”.

Zerbo acrescentou que está“muito agradecido ao governo e ao povo do Equador por sua valiosa contribuição à segurança global, principalmente pelo status especial das ilhas Galápagos”. As duas estações estarão localizadas naprovíncia equatorianadas ilhas Galápagos, um arquipélago vulcânico no Oceano Pacífico.

Zerbo destacou a importância dessas novas estações, que vão melhorar a cobertura global do regime de verificação do Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares (Tecen). Estarão localizadas perto da linha do Equador, onde a capacidade de detecção infrassônica e de radionuclídeos são relativamente baixas pela ausência de ventos constantes.

Os dispositivos permitirão melhorar de forma considerável a cobertura no Oceano Pacífico, onde foram realizados centenas de testes nucleares nas últimas décadas.Segundo a OTPCE, a estação de vigilância infrassônica em Galápagos não vai apenas melhorar as capacidades de detecção global do regime de verificação, como também ajudará nos esforços de alerta de desastres, o que inclui a detecção de erupções vulcânicas.

Há numerosos vulcões no Equador, como o Tungurahua, que entrou em erupção pela última vez em abril de 2014. Os dados gerados pelas duas estações nesse país também contribuirão para investigar a atmosfera, os sistemas de tempestades e a mudança climática.A rede global de monitoramento da OTPCE inclui atualmente mais de 300 estações, algumas nos rincões mais distantes e nas áreas de maior dificuldade de acesso por terra e mar.

É um sistema que permite obter quatro tipos de dados: sísmicos (ondas de choque na Terra), hidroacústicos (medição do som na água), infrassônicos (som de baixa frequência) e radionuclídeos (radioatividade). A rede já está com 90% de sua capacidade instalada. Quando o sistema estiver completado, contará com 337 estações em diferentes partes do mundo para verificar com eficiência cada parte do planeta.

Atualmente há três estações sísmicas certificadas na América Latina, na Argentina, Bolívia e Brasil, 16 auxiliares, seis infrassônicas certificadas, e outras duas ainda em planejamento, incluída umano Equador, uma hidroacústica, na ilha de Juan Fernández, no Chile, e nove radionuclídeas, duas delas em construção, sem contar a prevista para ser instalada no Equador. Além disso, há laboratórios de verificação radionuclídea na Argentina e no Brasil.

As localizações das diferentes estações são obrigatórias no contexto do TPCEN e baseadas em métodos científicos, projetadas para garantir a total cobertura da Terra. Cada nova estação certificada melhora a confiabilidade de toda a rede, que já funciona com muito mais precisão do que se previa quando o tratado foi negociado, segundo a OTPCE.

A rede é uma forma de proteção contra as violações do tratado de proibição de testes nucleares, porque o TPCEN proíbe explosões nucleares em todo o mundo, na atmosfera, sob a água e debaixo da terra.“O Sistema de Monitoramento Internacional da OTPCE ampliou sua missão em relação à prevista por seus criadores e monitora um planeta ativo e em permanente evolução”, destacouZerbo.

Algumas pessoas comparam o sistema a um rastreador e um estetoscópio combinados e gigantes da Terra que olham, ouvem, sentem e detectamas irregularidades no planeta, pontuou Zerbo. Além disso, é a única rede global que detecta a radioatividade atmosférica e as ondas sonoras que os humanos não podem ouvir, ressaltou.

A OTPCEN trabalhará de forma estreita com todos os atores nacionais responsáveis por garantir que a instalação das duas estações nas ilhas Galápagos seja a mais rápida já coordenada pela organização, pois assegurará os maiores padrões em matéria de proteção ambiental durante as operações, disse o especialista. Por fim, Zerbo expressou seu agradecimento pela excelente coordenação levada adiante pelo Ministério das Relações Exteriores do Equador.


Fonte: ENVOLVERDE

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