terça-feira, 7 de junho de 2016

O que se vê da janela.
O equilíbrio entre áreas verdes e construídas precisa ser um dos elementos fundamentais nas cidades. Na foto, Edmonton, Canadá. Foto: Pixabay/tpsdave (cc).

Por Cibele Quirino*

Em São Paulo, abrir a veneziana e observar, acredite, o horizonte de silhuetas de prédios é a exceção. Se algumas árvores estiverem pelo caminho então, sinta-se um privilegiado. Há inclusive quem aposte na vista para o cemitério como forma de conquistar um horizonte pouco mais verde.

São tempos onde é possível ter a chance de conhecer o vizinho pela proximidade das janelas ou ainda acordar e dormir olhando para a tela branca das paredes cegas. Se o horizonte não é mais possível para todos, caminhar por uma cidade mais arborizada talvez seja … ou não?

Ainda que a escolha de viver nas cidades, em especial nas grandes, implique em abrir mão de observar o horizonte com certa facilidade, do maior contato com a natureza, ar puro, maior umidade relativa do ar, menor poluição sonora, não é por isso que a vida nos grandes centros precisa ir exatamente contra tudo isso.

Até 2020, com a campanha “Árvores pela Terra”, lançada no último dia 22 de abril, no Dia Internacional da Terra, o PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – estimula que, em quatro anos, exista no planeta uma árvore por habitante…logo aí.  O tema autoexplicativo é mais um esforço na tentativa de tornar o mundo mais verde. As cidades, onde mais da metade da população mundial vive, se bem-sucedida a campanha, devem receber a maior parte das árvores.

A campanha é também um alerta sobre a importância das árvores onde quer que se more. São inúmeras as pesquisas que justificam os benefícios de áreas arborizadas para o ambiente urbano e como consequência para a qualidade de vida da população.

Algumas cidades já fizeram até as contas das vidas poupadas e do retorno monetário de se ter árvores nas cidades. “Somente em Nova York, a retirada de material particulado atribuída às árvores urbanas teria levado a uma economia de US$ 60,1 milhões e teria evitado a morte de 7,6 habitantes em um ano”, registra o professor Marcos Buckeridge em seu trabalho Árvores urbanas em São Paulo: planejamento, economia e água, de 2015.

Assim tornar a cidade mais verde não é uma questão cenográfica, estética,  tendo em vista novos cartões postais, por exemplo. Trata-se de uma ação com resultados transversais, com consequências em mais áreas do que se imagina. O fato de que um maior número de pessoas comece a gostar mais da paisagem que tem da janela, será apenas uma das consequências frente a uma nova dinâmica, com mais qualidade de vida nas cidades. Sim, isso não é contradição.

* Cibele Quirino é jornalista freelancer pós-graduada em Meio Ambiente e Sociedade. Possui experiência também como coordenadora de comunicação. É autora de biografias da série de livros “Me conte a sua história”, programa voluntário com foco no bem-estar de idosos que vivem em instituições de longa permanência.


Fonte: ENVOLVERDE

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