sábado, 30 de julho de 2016

Seguradoras são negligentes aos riscos climáticos.
Estudo mostra que falta de ações sustentáveis geram perdas de trilhões de dólares.

Por Katherine Rivas, da Envolverde –  

Um estudo realizado pela AODP (Asset Owners Disclosure Project), organização dedicada a proteger as economias dos aposentados frente aos desafios ambientais, revelou que as seguradoras, do mundo todo, apresentam múltiplas fraquezas na gestão de ações frente às mudanças climáticas, colocando assim trilhões de dólares dos seus clientes em risco.

Segundo o relatório, os fundos de pensões superam as seguradoras na política de gestão de crise. 

Presidente do Banco da Inglaterra e do Conselho Internacional de Estabilidade Financeira (FSB), Mark Carney, afirmou que a falta de estratégias por parte das seguradoras expõe as empresas a perdas gigantes que podem deixar reservas de combustíveis fosseis sem ativos.

Ele também ressaltou a importância dos investimentos em baixo carbono e afirmou que as finanças “verdes” precisam caminhar junto das mudanças climáticas “O financiamento de descarbonização da nossa economia é uma grande oportunidade para as seguradoras com investidores de longo prazo. 

Estas precisam se adaptar a estratégias de redistribuição e revolução tecnológica contribuindo com investimentos que sejam o quádruplo da taxa atual”, completa.

O estudo denominado “Global Climate 500 Index 2016: Insurance Sector Analysis” concluiu que as seguradoras estão atrasadas em gestão de risco e que ainda precisam investir em estratégias de baixo carbono e fortalecer laços com empresas preocupadas por mitigar os danos climáticos.

Os dados revelam que somente 5% das seguradoras no mundo controlam as emissões de carbono nos seus clientes e apenas 8% se dedicam a integração dos riscos climáticos nos processos de investimento. Deste universo 3% têm uma política de integração com empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável e apenas 0,2% dos ativos destas seguradoras é investido no controle de baixas emissões de carbono.

Já os fundos de pensão apresentam dados mais animadores sendo 13% dedicado a controlar a emissão de carbono nos clientes ou 15% comprometidos com uma política de sustentabilidade.

As seguradoras hoje investem em renda fixa, porém as agencias de dados estão alertando sobre esta conduta de risco que pode desestabilizar o sistema financeiro.  O motivo principal é que as mudanças climáticas hoje constituem uma dupla ameaça para a indústria de seguros. O aumento de créditos relacionados às alterações ambientais colocam os clientes destas instituições em perigo toda vez que a economia de baixo carbono se acelera.

No relatório Global Climate 500 proprietários de ativos foram classificados em categorias de AAA a D, e X para determinar empresas que não participam de nenhuma ação conhecidas como “retardatários”.

De acordo a pesquisa, 1 de cada 8 seguradoras (12%) adota ações para mitigar o risco do clima, entrando na classificação C. Do total, 59% das seguradoras reconhecem os riscos climáticos e 41% pertencem ao grupo dos retardatários ( que não adotam nenhuma ação) colocando em risco US$ 4,2 trilhões em investimentos mundialmente.

Europa lidera mudanças mundiais

Os mercados regionais também apresentam diferenças em iniciativas de sustentabilidade. No mercado europeu, 1 de 4 seguradoras (42% dos ativos regionais) tem medidas consideráveis. Sendo a escala de risco na Europa de US$ 730 bilhões.

No mercado norteamericano só duas seguradoras (16% dos ativos) adotam estratégias frente as mudanças climáticas. O fator de risco representa US$ 954 bilhões dos investimentos.

E na Ásia só uma seguradora, Companhia de Seguros Popular da China, conta com estratégias importantes. O risco de ativos é de US$ 2,5 trilhões.

O relatório conclui que de US$ 15,3 trilhões de ativos só US$ 30 bilhões são investidos em emissões de baixo carbono. Nesse contexto as seguradoras contribuem em 0,8%.

A Cúpula do Clima em Paris marcou o fim da era dos combustíveis fósseis colocando a  indústria de seguros na posição de entender as constantes alterações climáticas e tomar medidas urgentes.



Fonte: ENVOLVERDE

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