sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Uma viagem ao Brasil do futuro.
Por Thaís Herrero, do Greenpeace Brasil –

Como será a vida de um brasileiro daqui a 34 anos caso o país transforme sua forma de produzir e consumir energia? Ou seja, caso faça a [R]evolução Energética proposta pelo Greenpeace Brasil.
É 24 de agosto de 2050 e o brasileiro Renan Válveis acorda para mais um dia que parece comum. Ao abrir as cortinas do quarto, fica feliz ao ver o dia ensolarado. Liga o chuveiro e a água sai quentinha graças ao sistema de aquecimento solar térmico que está no telhado de sua casa.

No caminho para o trabalho, encontra sua vizinha exibindo a nova aquisição: um modelo popular de carro movido a eletricidade. Elen Étrica é uma mulher conectada às novidades e, claro, não ficaria de fora da popularização desse tipo de veículo. No Brasil de Renan e Elen, a gasolina e o diesel estão no passado. A eletricidade corresponde ao “combustível” de 25% do setor de transportes.

“Meu pai mal pôde acreditar quando andou pela primeira vez no meu carro. Quando ele era jovem, era um objeto para poucos porque eram caros de mais e faziam suas contas de luz ficarem altíssimas”, conta Elen.

Como ela instalou placas solares fotovoltaicas em seu telhado, boa parte da eletricidade que consome vem da luz do sol, e suas contas de luz estão vindo baixas, mesmo com o carro elétrico.

Ela não é a única brasileira que gera sua própria energia em casa. Agora cerca de 14% da eletricidade consumida no Brasil vêm de sistemas fotovoltaicos que geram energia solar – uma fonte limpa e renovável de energia. Desde os idos de 2015, quando essa fonte representava 0,01% da nossa matriz elétrica, foi um crescimento considerável. E só possível porque o governo passou a facilitar a compra de sistemas fotovoltaicos diminuindo alguns tributos. Como custam 20% menos do que em 2015, Elen pôde adquirir um.

Ao se despedirem, Renan pensa que a novidade dela é até legal, mas prefere manter a rotina de pedalar para o trabalho. Quando chove, vai de ônibus, afinal, a qualidade do transporte público é muito melhor hoje do que nas décadas passadas. Há tempos os governantes passaram a investir nessa área e muitos brasileiros deixaram de usar carros particulares. Por isso, o trânsito da cidade está muito mais fluido e a qualidade do ar melhorou consideravelmente.

Há três anos Renan trabalha na empresa Ventania, na qual é engenheiro projetista de turbinas eólicas – uma profissão impensável para seus avós. E os negócios vão cada dia melhor. A energia dos ventos é hoje a segunda principal fonte de eletricidade, responsável por um quarto da geração no Brasil. E Renan se sente orgulhoso, afinal, o Nordeste, região onde nasceu e vive, concentra 83% da capacidade instalada de geração eólica do país.

Já no escritório, Renan abre seu site favorito e uma notícia chama atenção: “O Brasil alcança 47% de eficiência energética”. Segundo a reportagem, o cálculo compara o cenário do país em que vivemos em 2050, e o cenário caso os governantes, desde 2016, não tivessem apostado na eficiência energética.

O texto explica que o Brasil aprendeu a evitar o desperdício entre a energia produzida e a consumida. E reduziu o consumo em muitos setores. As indústrias, por exemplo, não perdem mais energia em processos de aquecimento e aproveitam mais a fonte solar térmica. A população só encontra nas lojas eletrodomésticos com nível A de eficiência.

O novo modelo de transportes de cargas, hoje baseado em ferrovias, também foi responsável por boa parte desse sucesso de eficiência. Nos últimos 30 anos, o Brasil protagonizou uma intensa migração do modelo rodoviário (que era caro, poluente e ineficiente) para um modelo baseado em ferrovias e eficiência logística, com o melhor aproveitamento das viagens.

Uma lembrança vem à mente de Renan. Quando era criança, da janela do seu quarto ele observava o intenso fluxo de caminhões nas avenidas e nunca entendeu direito porque não via trens passando pela ferrovia ao lado das estradas. Agora adulto, esse cenário é justamente o oposto.

No fim do dia, chega no celular de Renan a mensagem do amigo Fábio Massa: “Quer ir comigo ao Museu da [R]evolução Energética? Chego às 18h e vou de metrô.” Renan aceita o convite, afinal, ainda não conhecia aquele museu. Inaugurado há oito meses, foi construído para comemorar o primeiro ano em que o Brasil alcançou 100% de sua matriz energética limpa e renovável.

O museu traz a história da ascensão e declínio dos combustíveis fósseis na geração de energia no Brasil. O petróleo foi fundamental para o início da nossa industrialização no começo do século XX, mas se mostrou uma fonte problemática demais diante da liberação de gases poluentes e do perigo de agravar as mudanças climáticas.

A exposição sobre as usinas nucleares é a que Fábio acha mais comovente. O governo brasileiro desativou todas as suas usinas em 2049, mas ele ressalta com Renan que foi uma demora longa demais. “Como uma fonte com risco de contaminação e acidentes, que matou milhares de vidas em muitos países, demorou tanto tempo para ser vista como um absurdo pelos governos?”, questiona.

Renan não assume, mas se emociona muito ao ver imagens do acidente na usina de Fukushima, no Japão, em 2011. Água radioativa foi despejada no mar por anos e anos após o desastre, que obrigou 145 mil pessoas a se deslocar.

Apesar de Renan Válveis e Fábio Massa conhecerem um cenário que foi por anos equivocado e de excessiva emissão de gases de efeito estufa por fontes fósseis, o passeio ao museu termina em um tom otimista. Afinal, aquele Brasil está no passado.

Os amigos saíram de lá especialmente felizes depois de conhecerem a história do povo indígena Munduruku, que vive na região do Rio Tapajós, no Pará. Durante o século XXI, esses índios foram ameaçados pelo planejamento de várias hidrelétricas que alagariam parte de suas terras e os obrigariam a abandoná-las. Isso faria com que eles perdessem séculos de cultura e tradição. Em 2016, o projeto da usina de São Luiz do Tapajós – que inundaria 376 quilômetros quadrados de florestas, incluindo parte de uma Terra Indígena – teve seu processo de licenciamento ambiental cancelado.

São Luiz do Tapajós foi o primeiro projeto de centenas que não foram mais permitidos na Amazônia. Isso garantiu que os Munduruku e muitos outros povos tradicionais, indígenas, ribeirinhos e tantos outros pudessem manter seus modos de vida em harmonia com a floresta amazônica – que também se viu protegida de grandes devastações.

Esse Brasil de 2050 era um sonho em 2016. Um sonho, mas que se mostrava possível graças a um estudo do Greenpeace Brasil. Nele, todo o caminho para chegarmos a uma matriz com 100% de energias limpas e renováveis foi apresentado. E os governos dos anos seguintes apostaram na Revolução Energética e nos benefícios ao país (e ao mundo) que ela traria.

Ainda não temos certeza se a história de brasileiros como Renan Valvéis será realmente assim em 2050. Mas você pode ajudar a construir esse Brasil do futuro. Conheça o [R]evolução Energética e faça parte desse movimento por Renováveis Já!


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