sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Inpe cria o SOS Chuva.
Por Júlio Ottoboni*
O objetivo é minimizar os estragos causados por tempestades.

O Brasil contará já neste verão com um sistema inédito de identificação de tempestades severas. Os pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São José dos Campos, desenvolveram uma tecnologia inédita para fazer a previsão imediata de tempestades no cenário de extremos climáticos.
Tempestade se formando em São José dos Campos. Foto: Rosi Masiero

A ferramenta fornecerá à população informações sobre a ocorrência de raios, rajadas de vento e chuvas de granizo, incluindo o tamanho das pedras de gelo que assolaram boa parte das regiões Sul e Sudeste nas últimas semanas. Os eventos extremados no clima estão ligados às alterações ocorridas pelo aquecimento global.

O objetivo do Inpe é reduzir o impacto desses eventos sobre as cidades e a consequente queda no número de mortes causadas por deslizamentos encostas e inundações, desabamento de casas e por quedas de árvores, por exemplo.

Também se espera que esses dados sejam aplicados para expandir a agricultura de precisão, diminuindo os prejuízos provocados por eventos extremos. Os equipamentos já foram instalados, e a expectativa dos pesquisadores é que o SOS Chuva entre em operação em novembro deste ano na região de Campinas (SP), onde há um volume de ocorrências severas anormal.

“A previsão é tão precisa, que será possível dizer quando e quanto vai chover em determinado bairro. Vamos saber se haverá granizo e qual o tamanho das pedras. Poderemos orientar a população em detalhes, evitando uma série de acidentes em decorrência de queda de árvores, raios, deslizamentos de terra ou inundações. Isso é nova ciência”, explicou o pesquisador Luiz Augusto Machado, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), órgão do Inpe. Ele coordena a equipe de mais de 50 cientistas brasileiros e estrangeiros que trabalham no SOS Chuva.

As informações coletadas por um radar de dupla polarização, no período de dois anos, possibilitaram o desenvolvimento de um sistema de alerta de tempestades severas. Os pesquisadores usaram também sensores, pluviômetros e novos algoritmos na infraestrutura necessária para que o projeto. Foram precisos 10 anos de estudos para que o SOS Chuva fosse levado a prática.
Chuva de Verão. Foto: Rosi Masiero

Com capacidade para cobrir uma área de 100 quilômetros, o radar usado no SOS Chuva custou 600 mil euros, pagos com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que investiu R$ 3 milhões no projeto. Embora o Brasil já disponha de radares desse tipo, o conhecimento ainda é restrito.

Segundo o Inpe, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) possui nove radares de dupla polarização, mas nenhum usado para previsão imediata de chuvas. Entretanto, o órgão tem diversos projetos em andamento para alertas sobre catástrofes naturais em parceria com a Defesa Civil.

Para o pesquisador Luiz Augusto Machado, o projeto foi apresentado para a Defesa Civil, que usará as informações para minimizar os danos provocados pelas chuvas nas áreas de risco. Ele espera que a população interaja com o programa SOS Chuva. Para isso, será desenvolvido um aplicativo para o usuário enviar informações. “A ideia é que daqui a um ano todo mundo tenha o aplicativo para poder se proteger”, disse Machado. 

* Júlio Ottoboni é jornalista diplomado, tem 31 anos de profissão, foi da primeira turma de pós-graduação de jornalismo científico do Brasil, atuou em diversos veículos da grande imprensa brasileira, tem cursos de pós-graduações no ITA, INPE, Observatório Nacional e DCTA. Escreve para publicações nacionais  e estrangeiras sobre meio ambiente terrestre, ciência e tecnologia aeroespacial e economia. É conselheiro de entidades ambientais, como Corredor Ecológico Vale do Paraíba, foi professor universitário em jornalismo e é coautor de diversos livros sobre meio ambiente.  É colaborador Attenborough fixo da Agência Envolverde e integrante da Rebia.


Fonte: ENVOLVERDE
Meta difícil: não deixar ninguém atrás.
Os governantes que participaram da Assembleia Geral da ONU em Nova York, este mês, se encontraram com uma lembrança dos direitos das pessoas LGBT. Foto: Manuel Elias/ONU.

Um ano depois de aprovados os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com data-limite para 2030, os países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) reiteraram seu compromisso de não deixar ninguém para trás, uma meta que parece cada vez mais idealista e pouco factível.

Por Lyndal Rowlands, da IPS – 

Nações Unidas, 28/9/2016 – Até o momento, este ano tem sido o mais difícil no caminho para conseguir incluir as pessoas mais vulneráveis e marginalizadas nos esforços de desenvolvimento.

Por exemplo, na terceira semana deste mês, a reunião de alto nível sobre refugiados e migrantes não pôde garantir o bem-estar de crianças refugiadas.Além disso, ativistas pelos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) ficaram fora de uma importante reunião sobre HIV/aids realizada em junho, mesmo mês em que nenhuma mulher foi votada para integrar um importante comitê da ONU para pessoas com necessidades especiais.

Nesse sentido,, o secretário-geral da organização Civicus, Danny Sriskandarajah, apontou à IPS que, para conseguir a meta de não deixar nenhuma pessoa para trás, é preciso que os governos considerem a realização de grandes mudanças em matéria política e de normas sociais. “Levar a sério encontrar e ajudar os que estão mais atrasados não é um exercício técnico, mas um exercício profundamente político”, acrescentou.

Para Sriskandarajah, o primeiro passo é garantirmos a identificação e inclusão dos que correm maior risco de ficar para trás. “Se, no acordo, nossos governantes dizem 42 vezes que não deixarão ninguém para trás, precisamos nos apressar e encontrar os atrasados”, ressaltou.

Mas nem sempre é fácil chegar até às pessoas marginalizadas e excluídas, alertou à IPS o diretor executivo da Aliança Internacional para Deficientes, Vladimir Cuk. “Verdadeiramente para todos significa que se deve chegar às pessoas que são mais difíceis de serem alcançadas, mais difíceis de serem contadas, mais difíceis de serem incluídas nos programas e das quais é mais difícil se saber algo; e essas são as pessoas com necessidades especiais”, afirmou.

Cuk afirmou que houve alguns esforços para incluí-las na Agenda de Desenvolvimento Sustentável para 2030, uma mudança muito aplaudida com relação aos anteriores Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que não contemplavam as pessoas deficientes. Chegar até esse setor social particular é mais difícil porque se concentram especialmente entre os que vivem na extrema pobreza, acrescentou.

E essa é outra das razões pelas quais será difícil ninguém ficar para trás. As diferentes desvantagens e tipos de exclusões costumam sobrepor-se umas às outras. Por exemplo, é o caso dos povos indígenas, que costumam ser “minorias dentro das minorias”, afirmou à IPS Marama Pala, diretora executiva da Fundação INA (Maorí, indígenas e Pacífico Sul) para o HIV/Aids.

“Enquanto os países não atenderem as desigualdades e injustiças que sofrem os povos indígenas, será impossível conseguir os ODS”, opinou Pala, também representante da sociedade civil em reuniões da ONU. Além disso, as comunidades indígenas correm outro risco: a perda de seus territórios, seja por apropriação de terras para o plantio de palma, ou outros cultivos, até para projetos de infraestrutura, e com fundos de organismos multilaterais de crédito.

O fato é que a “enorme demanda por alimentos, combustíveis e outros produtos básicos segue empurrando a indústria para novos territórios”, disse à IPS Alice Harrison, assessora em comunicações da organização Global Witness. “As comunidades estão situadas cada vez mais na linha de fogo, porque adotam uma postura contra o roubo e a destruição de suas terras e de seus recursos naturais”, destacou.

Algumas formas de desigualdades geraram muitos enfrentamentos políticos a respeito de sua inclusão no documento final da Agenda 2030, que deveria ter a aprovação dos 193 membros da ONU. A versão final do texto se refere aos direitos “sem distinção de nenhum tipo, como raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política, origem nacional ou social, propriedade, lugar de nascimento, deficiência ou outro status”.

As referências à orientação sexual e à situação migratória tiveram que ser retiradas dos primeiros rascunhos para que se pudesse chegar a um consenso geral. Para lutar contra as desigualdades que deixam muitos setores sociais marginalizados e atrasados, são necessárias mudanças políticas, sociais e econômicas em escalas nacional e multinacional.

“Uma vez que se comprometam com algo como não deixar ninguém para trás, se destapa um monte de exclusões econômicas e sociais derivadas da cobiça empresarial, da corrupção política e da exclusão social, que requerem mudanças significativas tanto em matéria de normas políticas como sociais, se queremos fazer seu acompanhamento”, explicou Sriskandarajah.

Os ODS também contemplam as desigualdades entre os países. Mas alguns dos esforços para combatê-las, como um organismo para a cooperação, também estão paralisados.


Fonte: ENVOLVERDE
Elas não cabem na “democracia” brasileira.
Por Carmela Zigoni*
Levantamento inédito revela: mulheres negras compõem cerca de 1/4 da população e têm influência crescente na sociedade civil, mas são apenas 1,3 em cada mil candidatos a prefeito. Negros e índios também estão extremamente sub-representados.
A análise do perfil das candidaturas para as Eleições 2016 revela, mais uma vez, o sexismo e o racismo das estruturas de poder no Brasil. Das 493.534 candidaturas em todo o Brasil, sendo 156.317 candidaturas do sexo feminino, apenas 14,2% (70.265) são mulheres negras concorrendo ao cargo de vereadora e 0,13% (652) ao cargo de prefeita – considerando-se “negra” a somatória das variáveis ‘pretas’ e ‘pardas’. Se considerarmos somente as candidatas que se auto-declararam ‘pretas’, o número é ainda menor: 0,01% (60) para prefeitura, 0,03% vice prefeitura (135), 2,64% (13.035) se candidataram ao cargo de vereadora.

Com relação aos homens negros (‘pretos’ + ‘pardos’), eles representam 28,8% das candidaturas para prefeitura, 30,1% para vice prefeitura e 33,4% para vereador. Os partidos que mais têm candidaturas de mulheres negras (pretas + pardas) são o Partido da Mulher Brasileira (PMB) e Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU): 23,6% e 20,4% respectivamente. Entre os grandes partidos, a proporção de candidaturas de mulheres negras (pretas + pardas) é a seguinte: 16,4% no PT, 13,8% no PSB, 13% no PDT, 12,3% no PSDB e 12,1% no PMDB. Considerando apenas as candidatas que se auto-declaram ‘pretas’, os números são ainda menores: 4,5% no PT, 2,4% no PSB, 2,3% no PDT, 2,2% no PSDB e 2% no PMDB.

O estado que tem mais candidatas negras (pretas + pardas) é o Amapá (25,2%), seguido do Acre (25%) e Pará (24,9%).

De acordo com o IBGE, São Paulo, Bahia e Minas Gerais são os estados que mais têm mulheres negras em sua população: nestes, a proporção de mulheres negras candidatas, para todos os cargos em disputa nas Eleições 2016, é de 7,8% em São Paulo (6.678), 24,0% na Bahia (8.759) e 15% em Minas Gerais (11.724).

Os dados também demonstram a tendência à sub-representação de mulheres em geral (brancas, pretas, pardas, amarelas e indígenas): em todo o país, temos 12,6% para candidaturas ao cargo de ‘prefeita’, 17,4% para ‘vice-prefeita’ e 32,9% para ‘vereadora’ – ou seja, 87,4% das candidaturas a prefeituras de todo o país é composta por homens. É importante ressaltar que as mulheres representam 51,04% da população brasileira e que cota mínima obrigatória para os partidos para candidaturas femininas é de 30%. Quase todos os partidos cumpriram a cota legal – embora nenhum tenha atingido 50% –, exceto pelo PCO, que possui 29,4% de suas candidatas mulheres. Mas quando observada a distribuição entre os cargos, esse comportamento se mantém somente para o cargo de vereador. Para prefeitura, somente os partidos PMB, PSTU e NOVO têm 30% ou mais de candidatas mulheres, e para a vice-prefeitura, apenas o PMB atingiu essa cota.

No que se refere aos indígenas, foram 1.702 candidatos em todo o Brasil (0,3% do total de candidatos), dos quais 29 para o cargo de prefeito e 1.613 para os cargos de vereador. Candidatos que se declararam indígenas às prefeituras estão no Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Roraima e Rio Grande do Sul.

Contexto

As mulheres negras (pretas + pardas) experimentam os piores indicadores sociais hoje no Brasil, apesar de grandes avanços recentes como a diminuição da pobreza extrema por meio de políticas de segurança alimentar e nutricional, de transferência de renda, de elevação real do salário mínimo e de aumento da formalização da mão de obra, entre outras. Neste grupo, as pretas ainda são as mais vulnerabilizadas pela desigualdade social brasileira. O Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil, produzido pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres, demonstrou que as negras também são as maiores vítimas da violência doméstica e violência letal: o índice de homicídios cresceu 54,2% entre 2003 e 2013, ao passo que o das mulheres brancas caiu 9,2%. A população carcerária de mulheres no Brasil também tem crescido aceleradamente (567% entre 2000 e 2014), e as mulheres negras representam 68% das mulheres encarceradas hoje no Brasil (Fonte: Conselho Nacional de Justiça, 2015). Outro dado dramático de contexto das relações raciais no país é o fato de que convivemos com uma média de 25 mil jovens negros homens mortos ao ano por arma de fogo (fonte: Mapa da Violência, 2014) – a morte do jovem negro impacta diretamente a vida de suas mães, filhas, esposas. A boa notícia neste cenário é que as jovens negras também conquistaram espaços sociais positivos. A partir de políticas públicas afirmativas e de inclusão social, a presença das jovens negras aumentou nas universidades nos últimos anos.

O mundo do trabalho é uma das dimensões mais importantes da vida social, especialmente do ponto de vista da autonomia econômica e de realização individual. O racismo e o sexismo também operam nessa dimensão da vida social: estudo recente do IPEA revela que as mulheres negras ganham, em média, 40% da remuneração dos homens brancos.

Em 2015, as mulheres negras demonstraram para o país que seguirão com suas demandas nas arenas de participação na vida política: a Marcha de Mulheres Negras, que contou com mais de 30 mil mulheres, trouxe a Brasília a agenda anti-racista, contra a violência e pelo bem viver. Na ocasião, marcharam em direção a um Congresso Nacional que tem apenas 56 mulheres, sendo 12 mulheres negras (11 eleitas para a Câmara e 1 para o Senado). Atualmente, convivemos com um Ministério sem nenhuma mulher, em um governo que cortou o orçamento da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e para direitos humanos, tornando o Ministério da Justiça um órgão voltado somente para a ação policial. Os dados das candidaturas às Eleições 2016 demonstram, mais uma vez, que os espaços de poder institucionalizados continuam fechados para as mulheres negras no Brasil.
Das 16.354 candidaturas para o cargo de prefeito em todo o Brasil, sendo 2.057 (12,6%) candidaturas do sexo feminino, apenas 4,0% (652) são mulheres negras concorrendo ao cargo de prefeita, considerando-se “negra” a somatória das variáveis ‘pretas’ e ‘pardas’. Se considerarmos somente as candidatas que se auto-declararam ‘pretas’, o número é ainda menor: 0,4% (60). Com relação aos homens negros (‘pretos’ + ‘pardos’), eles representam 28,8% das candidaturas para prefeitura.
Para o cargo de vereador, foram 460.651 candidaturas em todo o Brasil. Dessas, 151.390 (32,9%) são de mulheres, mas somente 15,3% (70.265) de mulheres negras. Considerando somente as mulheres que se auto-declararam 'pretas', essa proporção é de 2,8% do total de candidatos a vereador em todo o Brasil. Entre os 67,1% dos candidatos homens a esse cargo, 33,4% foram homens negros ('pretos' + 'pardos'), mas somente 6,2% se auto-declararam 'pretos'.


ratamento da base de dados do TSE: Luciana Guedes
* Carmela Zigoni é assessora Política Inesc.


Emissão por desmate para de cair no Brasil.
Área desmatada no Mato Grosso para expansão do agronegócio. Foto: © Paulo Pereira/Greenpeace.

Estabilização ocorreu após 2010, indica análise de dados do SEEG lançada pelo Observatório do Clima; setor ainda é o que mais emite gases de efeito estufa na economia nacional.

Por Redação do Observatório do Clima – 

Após uma queda expressiva entre 2005 e 2010, as emissões por desmatamento no Brasil mantiveram o mesmo patamar até 2014: cerca de 0,82 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2e) por ano. As informações vêm de uma análise inédita dos dados do SEEG (Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa), do Observatório do Clima, realizada pelo Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), que acaba de ser lançada. Elas acendem uma luz amarela sobre os compromissos de redução de emissões por desmatamento no Brasil, que precisarão de estratégias aprimoradas para que possam ser cumpridos.

De acordo com novos dados, o setor de mudanças de uso da terra emitiu, entre 1990 e 2014, cerca de 56 bilhões de toneladas de CO2e, em sua maioria pelo desmatamento de três biomas: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. A maior fonte foi a derrubada de florestas na Amazônia, responsável por 65% das emissões nacionais por desmatamento no período.

Até 2004, a derrubada de floresta amazônica ocorreu de maneira acelerada, o que se refletiu em mais de 23 bilhões de toneladas de CO2e emitidas entre 1990 e 2004. Diversas ações para conter o desmatamento na Amazônia foram realizadas pelo governo federal em parceria com os governos estaduais e sociedade civil, o que reduziu a média anual de emissões (que foi de 1,57 bilhão de toneladas de CO2 equivalente de 1990 a 2014). No ano de 2014, o setor de mudanças de uso da terra reduziu 13% das emissões em relação a 2013 (0,77 bilhão de toneladas de CO2 equivalente).

Os dados de 2014 do SEEG também foram atualizados à luz da metodologia do Terceiro Inventário Nacional de emissões de gases de efeito estufa, publicado em 2016. O ajuste mostra que o desmatamento ainda é o principal responsável pelas emissões do Brasil, com 42%. Dois Estados, que historicamente revezam entre si o posto de campeões do desmatamento, concentraram metade do total das emissões do país: Mato Grosso (27%) e Pará (23%). Atividades agropecuárias e especulação fundiária, sobretudo no Pará, estão diretamente associadas aos números elevados da região.

“Essa análise mostra que, apesar dos grandes avanços obtidos, a tragédia do desmatamento ainda está longe de ter sido estancada no Brasil. Ao contrário, basta afrouxarmos os controles, como ocorreu com o enfraquecimento do Código Florestal, para que o problema volte”, diz Paulo Barreto, pesquisador do Imazon e co-autor do relatório, juntamente com Amintas Brandão Jr.

Segundo Brandão Jr., os dados reforçam a importância de um reforço às políticas de controle, mas, principalmente, de implementação de estratégias de uso sustentável da floresta. “Nós parecemos ter atingido o limite das reduções de emissões que conseguiríamos obter com as ações de comando e controle. Se quisermos cumprir as metas do Acordo de Paris, precisamos ser ambiciosos e mirar em desmatamento zero”, disse.

O relatório, divulgado anualmente, recomenda a melhoria dos dados disponíveis para cálculo e o aprimoramento das estratégias para reduzir as emissões do setor. Finalizar e validar o registro de propriedades no cadastro ambiental rural; expandir o monitoramento anual/mensal do desmatamento para além da Amazônia, em especial o Cerrado; combater o desmatamento especulativo; ampliar os acordos do setor privado contra o desmatamento; melhorar a cobrança do Imposto Territorial Rural; criar incentivos econômicos para a conservação; e, remover barreiras ao investimento florestal são algumas das ações propostas.


SOBRE O SEEG:

O SEEG é uma iniciativa do Observatório do Clima para realizar a estimativa anual de emissões de gases de efeito estufa no Brasil e que foi recentemente expandida para o Peru e para a Índia. Além do relatório setorial que analisa as emissões de mudança de uso da terra, produzido pelo Imazon, também são produzidos anualmente relatórios sobre agropecuária, pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), energia e processos industriais, pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), e de resíduos, pelo, Iclei – Governos Locais pela Sustentabilidade.


E se o mundo se tornasse vegetariano?
O vegetarianismo evitaria 7 milhões de mortes por ano, enquanto o veganismo 8 milhões. Foto: Shutterstock

Por Rachel Nuwer, da BBC Future – 

Eliminar a carne de nossas dietas traria benefícios tanto para a nossa própria saúde e para a saúde do planeta, mas também poderia prejudicar milhões de pessoas. Entenda o porquê! 

As pessoas decidem ser vegetarianas por uma variedade de razões. Alguns fazem isso para aliviar o sofrimento animal, outros porque procuram um estilo de vida mais saudável e um outro grupo, fã da sustentabilidade, porque procuram reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Não importa quanto os carnívoros neguem, os vegetarianos têm um ponto importante: quem deixa de consumir carne proporciona múltiplos benefícios.  E quanto mais pessoas façam esta escolha estes benefícios se manifestarão em escala global.

Porém se todo mundo decidisse ser um vegetariano comprometido haveria graves inconvenientes para bilhões de pessoas. “É a história de dois mundos, realmente”, afirma Andrew Jarvis, do Centro Internacional de Agricultura Tropical da Colômbia. “Nos países desenvolvidos o vegetarianismo traria múltiplos benefícios ambientais e para a saúde, porém nos países em desenvolvimento haveria efeitos negativos em relação à pobreza”.

Jarvis e outros especialistas utilizaram a hipótese do que aconteceria se a carne saísse do menu do planeta durante uma noite.

Inicialmente eles examinaram as mudanças climáticas. A produção de alimentos é responsável por um quarto ou um terço das emissões de gases de efeito estufa antropogênicas em todo o mundo e a responsabilidade maior destes números provem da produção pecuária.  Apesar disso, muitas vezes subestimamos o impacto das nossas escolhas alimentares.

Nos Estados Unidos, por exemplo, uma família de quatro pessoas emite mais gases de efeito estufa pela carne que consomem do que ao dirigir dois carros. Mas são os carros e não os bifes que estão sempre nas discussões de aquecimento global.

“A maioria das pessoas não pensa nos impactos dos alimentos nas alterações climáticas”, explica Tim Benton, especialista em Segurança Alimentar da Universidade de Leeds. “No entanto, diminuir um pouco o consumo de carne já tornaria as coisas muito melhores para nossos filhos e netos”, diz.

Marco Springmann, pesquisador do programa interdisciplinar Oxford Martin sobre Alimentação no Futuro, tentou quantificar as melhorias. Junto aos seus colegas criou modelos no computador para predizer o que aconteceria se até 2050 todo mundo se tornasse vegetariano.  Os resultados mostraram que com a eliminação da carne vermelha as emissões que provém da produção de alimentos reduziriam em 60%. E se o mundo fosse vegano de vez as emissões reduziriam 70%.

“Quando olhamos as alternativas para evitar níveis perigosos de alterações climáticas, percebemos que só conseguiremos estabilizar as emissões da alimentação com as outras emissões se tudo mundo adaptar uma dieta baseada em vegetais”, comenta Springmann.  “Um cenário pouco realista, mas que destaca a importância que as emissões da alimentação terão no futuro”.

Alimento, em especial o gado, ocupa muito espaço sendo responsável pelas emissões de gases efeito estufa por causa da conversão de terras e a perda de biodiversidade. De cinco bilhões de hectares de terras agrícolas no mundo, 68% é usado pelo gado.

Se todos fossem vegetarianos, poderíamos dedicar 80% das terras para a restauração de pastagens e florestas, reduzindo ainda mais os impactos do carbono no clima. Transformando pastagens antigas em habitats nativos geraríamos benefícios à biodiversidade, até mesmo para os herbívoros, como os búfalos, e predadores, como os lobos que são mortos ao tentar atacar o gado.

Os 10% ou 20% restante pode ser utilizado no cultivo de plantas para preencher as lacunas na hora de fornecer. No entanto, o incremento de terras agrícolas seria ainda pequeno mas compensaria a perda do território utilizado para produzir alimento para o gado e não para os humanos.

A restauração ambiental e a conversão da alimentação baseada em vegetais exigem planejamento e investimento devido a que as pastagens estão altamente degradadas. “Você não pode tirar as vacas das pastagens e esperar que as terras se tornem uma floresta primária por conta própria”, diz Jarvis.
Foto: Divulgação

Profissões carnívoras

Pessoas envolvidas na indústria pecuária precisarão fazer transição no mercado profissional, seja na agricultura, contribuindo com o reflorestamento e a produção de bioenergia ou nos subprodutos da colheita (atualmente utilizados para o gado).

Os agricultores poderão até mesmo ser pagos para manter o gado para fins ambientais. “Estou aqui na Escócia onde o ambiente das montanhas é muito artificial, a maior parte tem pastagens de ovelhas”, comenta Peter Alexander, pesquisador de Sistemas Sócio ecológicos na Universidade de Edimburgo. 

“Se colocamos todas as ovelhas para fora o ambiente ficaria muito diferente e teria um impacto negativo sobre a biodiversidade”.

Devemos pôr um fim às alternativas e subsídios para as profissões relacionadas ao gado, mas ao mesmo tempo enfrentaremos a convulsão social por causa do desemprego em comunidades rurais que tem laços estreitos com a indústria.

“São mais de 3,5 bilhões de ruminantes no mundo e dezenas de bilhões de frangos mortos a cada ano para consumo”, explica Bem Phalan, pesquisador do equilíbrio da demanda de alimentos e biodiversidade na Universidade de Cambridge. “Estamos falando de alterações econômicas gigantes”.

Mas mesmo com as melhores estratégias seríamos incapazes de oferecer meios alternativos de subsistência para todos.  Um terço das terras é composto de pastagens áridas e semiáridas que só consegue beneficiar a agricultura animal.  No passado as pessoas tentaram converter o Sahel- faixa leste-oeste da África no sul do Saara- de pastagem de gado para terras agrícolas, mas houve desertificação e perda de produtividade. “Sem gado a vida em certos ecossistemas é impossível para algumas pessoas”, diz Phalan. Em especial para os grupos nômades como mongóis e berberes que despojados dos seus rebanhos deveriam se contentar a vida em cidades ou vilas perdendo sua identidade cultural.

Até mesmo aqueles que não subsistem pelo gado sofreriam mudanças. A carne é um elemento importante da história, tradição e identidade cultural. Muitas pessoas acostumam a dar gado como presente de casamento, jantares comemorativos como no Natal tem o peru ou o bife como pratos base. “ O impacto cultural de desistir da carne seria muito forte, por tal motivo os esforços em reduzir o consumo são fracos” explica Phalan.

Os efeitos na saúde são diversos. Os estudos mostram que se todos fossem vegetarianos até 2050 haveria uma redução da mortalidade mundial entre 6% e 10% pela diminuição de doenças cardíacas, diabetes, acidente vascular cerebral e câncer.

A metade dos frutos tem a ver com a redução do consumo de carne vermelha pela metade enquanto os benefícios restantes são fruto das calorias devido as frutas e legumes que as pessoas comem.  Uma dieta vegana pode incrementar estes benefícios. O vegetarianismo evitaria 7 milhões de mortes por ano, enquanto o veganismo 8 milhões. As pessoas sofreriam menos doenças crônicas economizado de 2% a 3% do Produto Interno Global.

Mas estes benefícios exigem a substituição da carne por produtos nutricionalmente adequados. 

Produtos de origem animal contem mais nutrientes que os vegetarianos como grãos e arroz então fazer a substituição certa é fundamental considerando os dois bilhões de pessoas subnutridas no planeta. “A onda global de vegetarianismo pode gerar uma crise de saúde nos países em desenvolvimento porque de onde os micronutrientes vêm?”, questiona Benton

Tudo com moderação

Afortunadamente o mundo inteiro não precisa se converter ao vegetarianismo ou veganismo para colher os benefícios de limitar esta repercussão.

Ao invés disso a moderação do consumo de carne é fundamental. Um estudo descobriu que aderir às recomendações dietéticas da Organização Mundial da Saúde reduziria as emissões de gases efeito estufa no Reino Unido em 17%, porcentagem que diminuiria mais 40% se os cidadãos evitassem os produtos de origem animal ou lanches processados. “Os consumidores não percebem destas mudanças ao ter um pedaço menor de carne no lanche” explica Jarvis. “Não se trata de escolher entre vegetariano ou carnívoro.”

Springmann afirma que algumas mudanças no sistema alimentar podem encorajar os outros para tomar decisões alimentares compatíveis com um meio ambiente mais saudável tais como colocar um preço elevado na carne e reduzir o custo de frutas e legumes. A estratégia ajudaria com a ineficiência devido à perda de alimentos, resíduos e excessos, menos de 50% das calorias produzidas, são utilizadas de forma eficaz. “Há uma forma de ter sistemas de baixa produtividade ricos em animais e bem-estar ambiental e com rentabilidade porque eles estão produzindo carne como um deleite e não como uma obrigação diária”, diz Benton. “Nesta situação os produtores terão o mesmo resultado, os animais apenas estão crescendo de forma diferente”

Já existem soluções claras para reduzir as emissões de gases de efeito estufa que provem da indústria do gado. O que falta é vontade de implementar estas mudanças.

* Tradução: Katherine Rivas, da Envolverde.


Fonte: BBC Future

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Metade dos paulistanos afirma ter reduzido o uso do automóvel.
Divulgada pela Rede Nossa São Paulo, pesquisa sobre Mobilidade Urbana revela também, entre outros dados, que maioria é favorável à construção e ampliação de corredores e faixas exclusivas de ônibus.

Por Airton Goes, da Rede Nossa São Paulo –

Quase metade dos paulistanos (49%) afirma que está utilizando o automóvel particular com menor frequência, se comparado aos últimos doze meses. Outros 27% dizem que utilizam de forma igual e 22% ampliaram a frequência de uso.

Os dados são da pesquisa sobre Mobilidade Urbana divulgada nesta segunda-feira (19/9) pela Rede Nossa São Paulo, em evento público ocorrido no Salão Nobre da Câmara Municipal paulistana.

O levantamento, realizado pelo Ibope Inteligência, revela ainda que 92% dos entrevistados são favoráveis à construção e ampliação de corredores e faixas exclusivas de ônibus e que 88% apoiam a aplicação de multa para veículos que param em cima da faixa de pedestres.

Além disso, 76% dos paulistanos disseram ser favoráveis à utilização exclusiva de ruas e avenidas, como a Paulista, para o lazer e a circulação de pedestres e ciclistas aos domingos. Esse índice subiu 12 pontos porcentuais em relação à pesquisa do ano passado, quando o apoio à medida era de 64%.

Por outro lado, a diminuição da velocidade máxima nas principais ruas e avenidas da cidade, tema de debate desde sua implementação, continua dividindo a população. A medida é apoiada por 47% dos paulistanos, enquanto 50% manifestam-se contrários.

Questionados sobre as áreas mais problemáticas de São Paulo – e podendo citar até três áreas –,58% apontaram a saúde. O desemprego foi a segunda opção mais citada, com 49%, revelando um aumento significativo em relação ao levantamento de anos anteriores.

Em 2010, o desemprego correspondia a apenas 10% das citações e estava em nono lugar entre as principais preocupações dos moradores da cidade. Já em 2105, o índice subiu para 33% e ficou em quarto lugar no ranking.

Abastecimento de Água, área que chegou a figurar em sétimo em 2015, volta a ficar entre os últimos lugares.

A poluição do ar continua sendo indicada como o tipo de poluição mais grave na cidade (64%). 

Aproximadamente dois em cada três paulistanos declaram já ter ocorrido problemas de saúde decorrentes da poluição do ar em seu domicílio.

De acordo com a pesquisa sobre Mobilidade Urbana, que foi apresentada no evento por Márcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência, o tempo médio diário de deslocamento do paulistano para realizar sua atividade principal aumentou 17 minutos em relação ao ano passado, indo para 2 horas e 1 minuto.

O tempo médio para se deslocar em todas as suas atividades diárias ficou 20 minutos maior, comparado ao mesmo período, subindo para 2 horas e 58 minutos.



Manifesto em Defesa da Vida

Durante o evento, a Rede Nossa São Paulo divulgou o Manifesto em Defesa da Vida – Não Corra, Não Mate, Não Morra!

Antes de fazer a leitura do documento, o coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew, destacou que a organização é apartidária. “Nosso partido é melhorar a qualidade de vida da população”, explicou.

Segundo ele, a coisa mais importante, e que todos deveriam se preocupar, é preservar a vida das pessoas. “É isso que está em jogo na cidade de São Paulo”, argumentou.

O Manifesto em Defesa da Vida afirma que “dezenas de organizações da sociedade civil apoiam a diminuição da velocidade nas ruas de São Paulo, a implantação de ciclovias e a valorização do pedestre e do transporte público. Assim como também apoiam e cobram o controle sobre as emissões veiculares”.

Em sua parte final, o documento defende que o próximo prefeito ou prefeita de São Paulo mantenha e prossiga com todos os avanços conquistados em mobilidade urbana.

“Nenhum aumento de velocidade em nossas ruas, avenidas e marginais! Queremos mais ruas e avenidas com tráfego calmo, corredores de ônibus, ciclovias e calçadas decentes. E muito menos poluição! Queremos uma cidade que defenda a vida, muito mais humana, justa, democrática e sustentável!”, conclui o manifesto.

Candidaturas à Prefeitura de São Paulo

Na segunda parte do evento, Maurício Broinizi, coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo, lembrou que desde a primeira edição da pesquisa sobre Mobilidade Urbana, que está em seu 10º ano consecutivo, a agenda defendida pela organização continua mesma: a descentralização da cidade, para reduzir a necessidade de deslocamentos, e o fortalecimento das subprefeituras.

“Assim como também temos apoiado que a escolha dos subprefeitos passe pelo crivo da população das regiões que serão administradas por esses subprefeitos”, complementou ele.

Em seguida, Broinizi solicitou que os representantes das candidaturas à Prefeitura de São Paulo comentassem os dados da pesquisa e o Manifesto em Defesa da Vida (os principais candidatos e candidatas foram convidados para o evento).

Definido por sorteio, o primeiro a falar foi o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, que representou o prefeito Fernando Haddad no encontro.

Tatto defendeu as medidas de redução de velocidades nas vias da cidade, colocadas em prática pela atual administração. “A velocidades nas marginais foram reduzidas porque há estudos técnicos que apontam essa necessidade, para diminuir o número de acidentes e de mortes”, justificou.

Ele lembrou que “vários candidatos querem voltar à velocidade anterior, principalmente nas marginais”. Para o secretário de Transportes, “a redução dos acidentes e de mortes no trânsito não deveria ser motivo de debate eleitoral, deveria ser compromisso de todos os candidatos”.

A candidatura de Luiza Erundina foi representada por Marcelo Aguirre e João Victor, que dividiram o tempo de fala.

Marcelo Aguirre avaliou que a pesquisa apresentada reforça que não é possível enfrentar o problema do transporte, sem enfrentar a cultura do transporte individual. “Nós defendemos o transporte público e temos um posicionamento, um compromisso com a política de tarifa zero [no transporte coletivo], que é uma política a ser construída”, pontuou.

A descentralização da cidade foi defendida por João Victor. “Se a gente começar a ter uma política de descentralização e conseguir contribuir para que os deslocamentos não sejam tarifados, construiremos uma cidade mais articulada em benefício da população”, considerou.

João Lourenço, representante da candidatura de João Dória, explicou que “ninguém quer o aumento dos acidentes e mortes no trânsito”. Caso a chapa que apoia vença as eleições, afirmou ele, nada será mudado sem estudo. “Uma coisa dessa precisa ser analisada. Se chegarmos à conclusão que se aumentar [a velocidade], vai crescer o número de mortes, não será mudado. Porém, não temos essa convicção”, ponderou.

Lourenço criticou o que chama de “pegadinha” dos radares. “Quando você tem o limite de 50 km num trecho e, logo em seguida, cai para 40 km e a pessoa é multada por passar a 45 km.” Em sua avaliação, isso precisa ser revisto.

Ricardo Young, candidato da Rede Sustentabilidade, iniciou sua fala protestando contra a ausência dos demais candidatos no evento. “Deveriam estar aqui para estabelecer um debate com a sociedade, principalmente sobre um tema tão importante para cidade como a Mobilidade Urbana”, lamentou.

Ele reconheceu que algumas mudanças colocadas em práticas pela atual gestão foram positivas, mas criticou a falta de explicação à sociedade. “A redução da velocidade foi corretíssima, mas não adianta fazer isso sem explicar à população os motivos. Senão, as pessoas pensam que a mudança é contra elas”, opinou.

Para Young, as ciclovias também representam um avanço, mas precisam ser acompanhadas de um trabalho pedagógico de informação. “Construir ciclovias e, em alguns casos, pintar faixas nas ruas não mudam uma cultura”, considerou.

Ele, por fim, alertou para o risco das futuras concessões das linhas de ônibus. “É preciso exigir que a nova licitação contemple as demandas da população para o transporte coletivo”, propôs.

Programa Cidades Sustentáveis e Pacto por uma Cidade Transparente e Íntegra

Na sequência, Oded Grajew e Jorge Abrahão, diretor-presidente do Instituto Ethos, apresentaram a carta compromisso do Programa Cidades Sustentáveis (PCS) e o Pacto por uma Cidade Transparente e Íntegra, convidando os candidatos a prefeito de São Paulo a firmarem os dois compromissos.

A carta-compromisso do PCS já havia sido assinada pelos candidatos João Dória (PSDB), Luiza Erundina (PSol) e Ricardo Young (Rede Sustentabilidade).

No evento, o secretário Jilmar Tatto firmou o compromisso em nome do prefeito Fernando Haddad.

Os candidatos Celso Russomanno (PRB) e Marta Suplicy (PMDB), que não participaram do evento e nem enviaram representante, haviam assinado a carta compromisso do programa durante o processo eleitoral de 2012. Ambos já afirmaram verbalmente que pretendem subscrever a novo documento do PCS.