Uma única
visão para a Amazônia.
Por Frederico Brandão, de Cancun*
A Amazônia com toda sua biodiversidade traz
incontáveis benefícios para as pessoas, o clima e o planeta. Infelizmente,
existem inúmeras ameaças que colocam em risco a sua integridade. Esse desafio
motivou a REDPARQUES – Rede Técnica Latino-Americana de Diretores de Sistemas
de Áreas Protegidas Nacionais, a criar em 2008 a Visão Amazônica, uma Rede que
permitiria uma maior integração e conexão entre as áreas protegidas da
Amazônia.
O objetivo da Iniciativa é estabelecer paisagens
que cruzem fronteiras entre países e que contemplem várias áreas protegidas. Os
avanços de sua implementação nos últimos anos e sua contribuição para o alcance
das metas de Aichi foram alguns dos temas apresentados no evento paralelo Rumo
ao progresso intermediário da Iniciativa Visão Amazônica, que aconteceu na
tarde desta terça-feira (6/12), em Cancun, como parte da programação da
Conferência das Partes (COP) 13.
Na ocasião foram discutidas a necessidade de se
desenvolver estratégias de sustentabilidade financeira para garantir os
recursos para as áreas protegidas, integrar as comunidades locais e os povos
indígenas em sua gestão, e convidar os setores produtivos, como agricultura,
pesca e turismo, a conhecerem o seu potencial de forma a desenvolverem uma
gestão sustentável da floresta amazônica.
Dentre os panelistas, estiveram presentes
representantes dos governos do Brasil, da Colômbia e do Peru, assim como de
organizações como Onu Ambiente, FAO e da própria secretaria da Convenção de
Diversidade Biológica (CDB). Desde 2013, com o apoio dessas organizações, mais
o WWF, várias atividades têm sido realizadas para implementar as ações da
Iniciativa alcançando importantes resultados como a Declaração sobre Áreas
Protegidas e Mudanças Climáticas, lançada em dezembro de 2015, na COP 21, de
Paris.
“A Visão é uma iniciativa inovadora pois tem gerado
muita informação por meio da cooperação dos países facilitando a tomada de
decisões e trazendo melhorias para a gestão dos sistemas de áreas protegidas da
Amazônia”, avaliou no evento Oliver Hillel, representante da secretaria da CDB.
Para Julia Miranda, diretora dos Parques Nacionais
da Colômbia, é preciso estabelecer cada vez mais parcerias colaborativas entre
governos, indústria, comunidades e a sociedade civil para fortalecer a Visão
Amazônica. “É claro que ainda temos grandes desafios e linhas de ação para
solidificar a Iniciativa até 2020. Precisamos continuar trabalhando em cooperação
para o monitoramento e a gestão de conhecimento”, afirmou.
Segundo ela, um dos grandes desafios é trabalhar o
tema da resiliência para enfrentar as ameaças, não apenas para a
biodiversidade, mas também para o habitat de tantas culturas indígenas. “Não
podemos nos dar o luxo de perder esse patrimônio. As mudanças climáticas podem
afetar a integridade do bioma amazônico, incluindo as culturas tradicionais”,
finalizou.
Sobre o assunto, Claudio Maretti, diretor do
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), disse que as
áreas protegidas são a melhor estratégia para garantir a resilência dos biomas
e que não podemos conservar a Amazônia de forma isolada. “Precisamos de mais
esforços bilaterias e trinacionais para proteger a biodiversidade e garantir
que os serviços ecossistêmicos sejam fortalecidos”, complementou.
Parque Nacional de Anavilhanas. Foto: © ICMBio
Sustentabilidade financeira
A sustentabilidade financeira das áreas protegidas
é um ponto muito importante para sua gestão. Uma das atividades de grande
potencial na Amazônia é o desenvolvimento do turismo sustentável. De acordo com
Oliver da CDB, apesar disso, os países do REDPARQUES ainda não sabem
aproveitá-lo de forma efetiva e por isso precisam estar unidos. “Temos que
empoderar as comunidades locais a se tornarem os líderes de processos em suas
comunidades. Alem disso, é fundamental maior integração entre governos, setores
privados e sociedade civil”.
Atividades agroflorestais sustentáveis também foram
citadas por serem fundamentais por gerarem renda mas também por gerarem um
equilibrio entre a produção e a conservação. “O futuro dos setores produtivos
dependem da biodiversidade. Precisamos reconciliar a viabilidade econômica da
produção com a conservação do meio ambiente e do manejo sustentável dos
recursos naturais”, explica Eva Muller, diretora da FAO.
Fonte: WWF Brasil
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