segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Natalini: a prioridade é colocar SP na agenda do clima.
Por Katherine Rivas, da Envolverde –

Enérgico e determinado, com apenas um mês de gestão como novo Secretário do Verde, Gilberto Natalini corre contra o relógio para cumprir as metas de trabalho dos seus 100 primeiros dias. Seu objetivo é colocar a cidade de São Paulo na Agenda do Clima e criar um movimento forte de mudança ideológica na população paulistana.  Natalini define como principal aliada de gestão a Nossa Senhora Aparecida, pois é preciso milagre, afirma, para reorganizar a cidade, os parques e a arborização de São Paulo. A equipe da Envolverde conversou com o secretário, confira a entrevista
Gilberto Natalini. Foto: Fonte: Fanpage Oficial Gilberto Natalini

Envolverde – Como funcionará a concessão dos parques?

Gilberto Natalini – Atualmente temos 107 parques, sendo 96 urbanos. O prefeito Doria criou a Secretaria de Desestatização para cuidar a questão dos parques e nós estamos acompanhando. As concessões vão seguir o modelo do Central Park, não haverá cobrança de ingresso e o concessionário vai explorar publicidade, eventos, comida.

O primeiro parque que pode experimentar esta transformação é o Ibirapuera e já existem múltiplas organizações interessadas. No Ibirapuera já temos comércios, muitos dos eventos não são pagos, então o que vai mudar é que uma empresa ou organização pode assumir a administração e vai ter que cumprir um regulamento que nós vamos fiscalizar.

Então quem assumir vai cuidar do parque, da manutenção, áreas verdes, segurança, investimentos. A lucratividade é pequena, isso os interessados devem saber, mas vão ajudar muito na gestão. O parque Ibirapuera custa 26 milhões de reais anualmente para Prefeitura.

Existe o risco de transformar área verde em espaço comercial e exclusivo?

Quem afirma isso não sabe o que está falando. O prefeito já disse que o parque é público, o que vai ser concessionado é a gestão do parque. Não existirá ingressos, o parque continua sendo público, todos podem entrar, todas as classes sociais.

As vezes o governo não consegue gerenciar com rapidez o peso da gestão dos parques, então nesse sentido concessionar ajuda. Eu visitei 50 parques minha equipe foi em 100%. Os parques da cidade, tirando o Ibirapuera, eu os classifico em “mato na coxa”, “mato na cintura”, “mato no peito”. A maioria estão em situação de abandono. Um claro exemplo é o parque Raposo Tavares, os banheiros estavam fechados por depredação, roubaram as luminárias, e tinha sete moradores de rua vivendo no parque junto a um lixão. Estamos recuperando o parque.

A Secretaria vai informatizar os processos de licenciamento ambiental? Qual será o orçamento?

Temos um volume muito grande, há processos que estão esperando resolução há mais de dois anos.

A cidade de Campinas implantou este tipo de licenciamento com resultados muito positivos.

Estamos em conversas com o Secretário do Verde de lá, Rogerio Menezes, para que eles possam disponibilizar esta tecnologia para nós. Na Prefeitura também temos equipamentos que podem ser aproveitados.

Queremos informatizar o licenciamento nos primeiros 100 dias de governo. O Prodam de São Paulo está em parceria com a equipe informática de Campinas vendo isso.  O orçamento é pouco, porque estamos articulando para ganhar o sistema de Campinas, e o resultado é imensurável. Imagine poder fazer um licenciamento em 30 ou 40 dias, o ganho econômico é gigante.
Como a sua gestão vai trabalhar com a educação ambiental? Será nas escolas, universidades ou vias públicas?

Queremos chegar a todas as pessoas. Estamos vivendo diversas crises: do clima, da água e febre amarela. E isso não é porque Deus quer, e sim porque o homem desmata, e o mosquito vem para a cidade com o vírus. Febre amarela é uma doença ambiental, um desequilíbrio.

Minha obrigação como secretário é levar conhecimento para que haja consciência coletiva e as pessoas saibam mexer no lixo, economizar energia, água, regular o motor dos carros. Hoje, acredito que a população de São Paulo já tem o preparo emocional para receber essas informações.

Mas não adianta ficar fazendo cursinhos, imprimir 5 ou 10 mil livros. Nós já temos uma universidade de Meio Ambiente, a UMAPAZ, O que precisamos é conversar com a população via internet, aplicativo, TV na internet, essa é a proposta.

Sua estratégia inclui mídias sociais?

Sem dúvida, eu sou o homem das mídias sociais e acredito que isso opera milagres. Vamos procurar empresas que trabalham com isso, e fazer parcerias com canais de TV para apresentar nossas propostas e chegar a toda a população. Vamos trabalhar com tecnologia da informação.  Já imaginou se conseguirmos influenciar uma novela da Globo para inserir nela o debate do lixo? Então temos isso e temos a UMAPAZ, que é a pedra que amola a faca.

Como será a arborização da cidade e regiões periféricas?

Na cidade de São Paulo arborização é uma questão complexa. Nossa metragem de verde é três vezes menor da recomendada pela ONU. Precisamos plantar muito, mas também cuidar e até mesmo suprimir árvore. Eu tenho um lema “árvore certa, no lugar certo e na hora certa”. Então eu vou criar um comitê de arborização e começaremos plantando mil arvores, em alguns córregos limpos vamos colocar água. Umas das minhas prioridades é retomar a arborização de São Paulo.

Outra proposta que levamos a Eletropaulo e a SETEC é o plantio de árvores embaixo das linhas de transmissão de eletricidade, pretendemos criar hortas orgânicas.

O que acontecerá com os mananciais?

Reestruturar o contexto total destes é impossível. Estamos falando de 2 milhões de pessoas morando na região dos mananciais. Durante o último governo ocorreram 62 ocupações novas. Vamos reativar a Operação Defesa das Aguas. Seis anos atrás houve 7000 desocupações na beira da represa que incluíam barracos, restaurantes e até hotéis, uma fiscalização muito forte que deixou nove parques na beira do Guarapiranga.

Tem algum plano que gostaria de compartilhar com a população?

Sim. A Secretaria do Verde tem um desafio para esta gestão que é retomar a agenda do Comitê do Clima e colocar São Paulo na Agenda climática das cidades e do mundo. Precisamos fazer um inventário de gases efeito estufa da metrópole.

Como presidente atual do Comitê estou marcando uma reunião com outras secretarias para traçar uma política intersetorial.

Precisamos muito da participação da população, que os paulistanos tenham consciência ambiental e saibam da importância da sustentabilidade. Peço para que nos ajudem, estamos de portas abertas.


Fonte: ENVOLVERDE

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