sexta-feira, 2 de junho de 2017

Estudo do WWF-Brasil revela que Bahia tem 48 áreas que precisam de ações urgentes de conservação ou recuperação.
O mapeamento também indica que há atualmente mais de 2.900 espécies de animais e plantas que necessitam de ações de conservação

Um mapeamento realizado pelo WWF-Brasil e a Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia (SEMA-BA) revela que existem atualmente 336 áreas prioritárias para conservação da biodiversidade em ambiente terrestre e marinho: 48 delas precisam de ações urgentes de conservação e ou recuperação; 84 foram classificadas como de prioridade muito alta de conservação e ou recuperação e 204 de importância alta. “O desmatamento e a construção de hidrelétricas são os grandes causadores dos problemas nessas áreas”, afirma Paula Hanna Valdujo, especialista em conservação do WWF-Brasil.

O estudo, lançado hoje por meio de uma plataforma online, mostra detalhadamente as etapas e os resultados do processo de identificação dessas áreas, que totalizam pouco mais de 266 mil km², ou 47% do estado da Bahia. Desse total, considerando apenas as áreas naturais, as áreas prioritárias cobrem apenas 27% do território do estado.

As áreas foram classificadas quanto às ações de conservação: criação ou ampliação de Unidades de Conservação (UC’s) (57 áreas), compensação ambiental (248 áreas), proteção a recursos hídricos (248 áreas), fomento a atividades econômicas sustentáveis (226 áreas) e inventários biológicos (245 áreas). Essas áreas foram definidas para conservarem mais de 2.900 espécies de animais e plantas.

Além de espécies, também foram consideradas áreas relevantes para conservação dos recursos hídricos, com ênfase em áreas com alta densidade de nascentes e importantes para abastecer reservatórios e aquíferos. “Vivemos um momento de escassez de água em todo o país e a Bahia, especialmente por conta do semiárido, enfrenta essa situação devido a causas naturais, mas que vêm se agravando por conta do uso desordenado dos recursos hídricos”, explica Paula. “O nosso mapeamento identificou áreas que vão contribuir para o aumento da qualidade da água, ou seja, identificamos áreas que já não podem ser desmatadas ou que devem ser restauradas”, continua a especialista. “Isso porque o desmatamento causa erosões, assoreamento e poluição dos rios. Ao restaurar a vegetação, a qualidade da água melhora”, diz.

O estudo levou em consideração o risco de perda da integridade ecológica das áreas onde as espécies-alvo ocorrem, de modo que foram selecionadas áreas sob menor risco sempre que possível. Entretanto, como algumas espécies ocorrem apenas em regiões muito desmatadas, com infraestrutura estabelecida e alto risco ecológico, algumas áreas prioritárias demandam intervenção imediata, para garantir a conservação de tais espécies.

“A Bahia tem três biomas: Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica e espécies que só ocorrem em cada um deles. Portanto é necessário que todos sejam protegidos para em consequência preservar essas espécies”, diz Paula. “Esses resultados são muito importantes para nortear as ações de conservação propostas pela SEMA-BA, tais como políticas para proteção de recursos hídricos, criação de unidades de conservação e o estabelecimento de cotas de reserva ambiental”, afirma a especialista.

O estudo

O estudo foi realizado pelo Programa de Ciências do WWF-Brasil, por iniciativa da SEMA-BA e contou com a participação de mais de 160 pesquisadores e gestores, que contribuíram com informações sobre espécies, ameaças e oportunidades para conservação. As informações geradas foram sistema de suporte a decisão que simula diversos cenários para identificar as áreas de maior relevância para conservação, de forma a proteger a maior proporção possível das espécies, minimizando os conflitos com outros setores. Posteriormente, as áreas selecionadas foram avaliadas quanto aos seus potenciais, para indicação de ações de conservação.

Para acessar a íntegra do estudo, clique aqui: www.wwf.org.br/pscbahia


Fonte: EcoDebate

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