segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Incidência de lesões na medula espinhal aumenta no verão; Homens jovens são principais vítimas.
Não há no Brasil época mais esperada que o recesso de final de ano. Sol, calor e muita diversão, com banhos de mar, piscina, rio e cachoeira. Mas, infelizmente, é nesta época do ano em que o lazer pode se transformar em um problema de saúde grave, como as lesões da medula espinhal causadas por mergulhos em águas rasas ou desconhecidas.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC), mergulhos mal calculados são a 4ª maior causa de lesão medular no Brasil e no verão passa a ser a segunda causa, entre pessoas de 10 a 30 anos, ou seja, nos mais jovens. Homens, na idade média de 21 anos, são as principais vítimas.

De acordo o neurocirurgião, Dr. Iuri Weinmann, do Centro Neurológico Weinmann, esses acidentes podem levar à graves lesões na coluna, como fraturas, luxações e, em alguns casos, quadros de paraplegia ou tetraplegia. “Trata-se de uma emergência médica. Quanto antes o paciente chegar ao hospital, melhor será o prognóstico”.

“A maioria das lesões ocorre quando a pessoa mergulha de cabeça em águas desconhecidas, escuras, turvas e rasas. Este tipo de mergulho lesiona, em geral, entre as seções C4-C6, sendo a C5 a mais frequente. São lesões completas em que o paciente pode ter perda da função motora e sensitiva até os segmentos sacrais”, explica o neurocirurgião.

Gravidade depende do local atingido

“Todos os nossos movimentos e sensações têm origem nos impulsos nervosos que saem do cérebro e são transmitidos pela medula espinhal. Traumas nessa região podem cortar, comprimir ou danificar essa estrutura. Quanto mais próxima do pescoço a lesão, maior a gravidade, pois os sinais nervosos do cérebro deixam de ser enviados para os nervos das vértebras abaixo daquela que foi lesionada. Por isso, por exemplo, quando a pessoa quebra o pescoço, pode ser fatal”, explica Dr. Iuri.

Tetraplegia x Paraplegia

“Infelizmente, algumas lesões de medula irão levar a quadros de tetraplegia ou de paraplegia. A tetraplegia acontece quando a lesão atinge as vértebras entre as seções C1 a C8. Pode paralisar pernas, braços e, dependendo da gravidade, pode afetar até mesmo a respiração”, diz Dr. Iuri. O filme “Como eu era antes de você”, por exemplo, mostra o dia a dia de um personagem tetraplégico e nos dá uma boa ideia dos desafios enfrentados pelas pessoas com tetraplegia.

Dr. Iuri explica que a paraplegia ocorre quando a lesão da medula acontece abaixo dos níveis espinais torácicos (T1 a L5). “As pessoas com paraplegia conseguem movimentar as mãos, mas o grau de mobilidade das pernas irá depender da gravidade da lesão. Uma parcela irá ficar totalmente paralisada da cintura para baixo e outra poderá apresentar dificuldade de mobilidade ou perda de sensibilidade na parte inferior do corpo”.

Vale lembrar que nem toda lesão na medula espinhal irá causar a tetraplegia ou a paraplegia, mas o risco existe.

Prognóstico
Hoje, graças aos avanços da neurocirurgia e da medicina intensiva, as lesões da medula espinhal podem ser tratadas. Entretanto, a recuperação pode levar meses ou anos. “Os danos permanentes só poderão ser calculados após alguns meses, quando poderemos definir se a lesão foi completa (perda de movimentos e sensações abaixo do nível do trauma) ou incompleta (preservação de certas funções motoras e sensações)”, explica Dr. Iuri.

Prevenção
Veja agora algumas dicas para curtir o verão com segurança:
* Antes de mergulhar, certifique-se qual a profundidade da água. Estima-se que 89% das lesões de medula acontecem em águas rasas, com profundidade de menos de 1,53 m;
* Se for mergulhar, certifique-se que a profundidade tem pelo menos o dobro da sua altura;
* Se estiver alcoolizado, evite pular ou mergulhar em rios, cachoeiras e piscinas;
* Jamais pule de pedras ou penhascos;
* Não mergulhe em locais totalmente desconhecidos;
* Evite pular de cabeça, ao mergulhar em pé a probabilidade de lesionar a medula é menor;
* Águas turvas ou escuras podem esconder pedras ou bancos de areia, portanto não mergulhe nestas condições.


Fonte: EcoDebate

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